Ina Melo 1 de maio de 2016

ina melo a cigana esmeralda

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Cansada de caminhar pela cidade resolvi entrar na Notre Dame. Não me preocupei com o avançado da hora. Os cânticos gregorianos e os reflexos dos vitrais na luz bruxuleante do fim de tarde, ofereciam aos visitantes um recanto de paz. Enquanto as pessoas saiam aproveitei o silêncio para meditar o Corcunda de Notre Dame,  a história de um trio amoroso  no Séc. XV

Logo senti um vento frio passando pelas minhas costas e ouvi as pesadas portas serem fechadas. Um arruar de pombos começou a dar voltas pela nave e os sinos repicaram. Ao longe ouvi uma risada cristalina e um ruído de passos. Olhei para trás e vi uma jovem morena de cabelos longos e pretos, vestindo pedaços de panos coloridos.

Assustada, tentei me levantar e senti que estava presa a uma força maior. Uma mão me levou por uma íngreme escada. Não conseguia dizer nada. Ao chegar à torre da igreja e olhar para baixo vi uma Paris totalmente desconhecida para mim. A Praça cheia de gente maltrapilha, guardas engalanados. Um mundo surreal.

A jovem ao meu lado perguntou se eu conhecia a sua história que era muito triste. Lembrei que estava pensando no romance de Dumas que li quando jovem, mas respondi negativamente. As nossas figuras sentadas no átrio da torre marcavam a distância entre dois tempos. O de ontem e o de hoje.

Quando ela começou a falar, me transportei para Paris do Séc. XV. Lá embaixo na Praça, entre vivas e palmas dançava uma bela  cigana.  Frollo que tomava conta da Igreja, ao vê-la mandou que o sineiro Quasímodo  a raptasse. Logo depois,  os arqueiros do Rei sob o comando do Capitão Febo invadiu o templo e a libertou. Alguns dias mais tarde, eles descobrem que estão apaixonados, passando a se encontrarem  num local secreto.  Frollo ao  descobrir o esconderijo surpreende o Capitão e o apunhala, pondo a culpa em Esmeralda que é condenada a morrer em praça pública.

Quando está sendo levada ao átrio da Catedral para receber a sentença de morte, Quasímodo, que sente por ela um amor puro e desinteressado leva-a para dentro da Igreja, onde Esmeralda fica protegida pela lei. O sineiro passa a noite cuidando  dela. Mas os amigos, vagabundos da praça, vão libertá-la, invadindo a Catedral. O corcunda expulsa os invasores lançando pedras e barras de ferro, pedaços de madeira e chumbo derretido sobre eles. Esmeralda era considerada uma criatura de beleza suprema, quase uma deusa. Frollo também se apaixona pela mulher, disputando-a com Quasímodo. São dois tipos diferente de amor. A paixão de Frollo é carnal desejando-a sexualmente, Quasímodo ama a cigana de outra forma. Tem um grande sentimento de carinho pela mulher e busca estar sempre próximo para ajudá-la.

Frollo aproveita-se do tumulto formado e foge com a cigana e tentando seduzi-la. Furioso com sua recusa, ele a entrega às garras de uma velha reclusa do “buraco dos ratos”,considerada louca. Em vez de matar a cigana, a velha reconhece nela a sua filha e a esconde. Esmeralda não consegue desfrutar de uma paz muito longa; logo em seguida, os guardas da cidade a encontram e ela é levada novamente para a sua execução, na Praça da Catedral.

Do alto da Notre Dame, Quasímodo e Frollo assistem à execução. da bela cigana. O corcunda, louco de desespero, atira o padre do alto da torre e desaparece para sempre. Muito tempo depois, ao ser aberto o ossuário de Montfaucon, local onde  Esmeralda foi sepultada, encontraram dois esqueletos abraçados. Um deles com uma visível deformação na espinha. Um vento frio soprou forte no meu rosto e sem saber como fui levada para fora da Nave. Depressa caminhei para o Hotel do outro lado da ponte.Paris.

Obs: Imagem enviada pela autora.    

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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