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Era um salão imenso, ela dançava. Todos os dias ela escutava músicas e fazia passos de balé, mesmo sem ter aprendido, mesmo se desequilibrando. Mas dançava, se sentia livre e feliz. Era o modo dela ser feliz, dançando, totalmente nua, tão nua que era possível ver as veias da alma dela.
Ele todos os dias vinha vê-la dançar. Limitava-se a olhar pela fechadura da porta. Mesmo que a porta estivesse aberta, mesmo sabendo que ela não se incomodava com a presença dele. Mas ele, por questões muito pessoais, preferia ter uma visão limitada do imenso salão e da alma dela. Continuava, todos os dias, a olhar pela fechadura e a estreitar o campo de visão e do sentir.
Ela sabia que ele olhava pela fechadura, e só via um pouco da alma dela e mesmo assim julgava a maneira dela dançar. Enquanto ela continuava a dançar alegre, livre, leve e solta. Mas não cabia a ela abrir a porta. A porta estava aberta, mas ele por questões dele que não dizia respeito a ela, continuaria a olhar pela fechadura. Talvez um dia entrasse para dançar. Talvez um dia deixasse de vir. Ela, poderia até ficar triste com a ausência dele, mas não deixaria de dançar. Aprendeu a soltar a alma enquanto dançava.