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Santarém católica criou uma tradição de poucos anos de realizar um retiro durante os dias de Carnaval. daí o nome CRISTOVAL. É uma iniciativa do movimento eclesial Renovação Carismática Católica da cidade. Todos os anos uma multidão  de católicos comparece ao local para louvação, reflexão e atividades culturais. Neste ano, por causa do tema da Campanha da Fraternidade, CUIDAR DA NOSSA CASA COMUM, fui convidado a fazer uma reflexão de 30 minutos sobre duas grandes agressões à nossa casa comum o território do Tapajós, incluindo a própria cidade de Santarém. Apresento dois vídeos, um sobre a hidroelétrica projetada para São Luiz do Tapajós e outro sobre o projeto de quatro portos graneleros projetados para a frente da cidade de Santarém. A reflexão está aí embaixo para seu acompanhamento.

1. Perguntava o jovem a Jesus: “que devo fazer para alcançar a vida eterna? Jesus lhe disse: meu jovem, sai de ti  e de teus interesses, olha os necessitados e vem me segue” Mat. 19-22. Em outro momento, quando Pedro quis desviar Jesus do enfrentamento, foi chamado de satanás, porque seus pensamentos não eram de Deus mas dos humanos, Jesus conclui esse episódio assim: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”,  Mat. 16.24. Começo a reflexão com estas duas Palavras de Jesus bastante  provocadoras. Não basta se converter, como também afirmava João Batista no rio Jordão, é preciso além disso,  seguir o mestre, daí o batismo no fogo e no Espírito.
2. Nós somos hoje representantes seguidores legítimos de Jesus Cristo dentro da sociedade. Com esta responsabilidade, em nome dele, temos que assumir atitudes como eram as suas lá em Cafarnaum, em Nazaré, em Jerusalém, em toda a Judeia e Galileia. Para com os pobres e necessitados, a misericórdia, a cura e a libertação das opressões em que vivem. Para com Herodes e os doutores da lei de hoje, atitudes proféticas de denúncia de como oprimem o povo e exigência de justiça social. Para com a mãe natureza, nossa casa comum,  temos que zelar e cuidar para hoje e para o futuro.
3. Se ficarmos indiferentes ao projeto hidroelétrico de São Luiz e as outras seis projetadas para o tapajós, qual a diferença de nossa fé para a fé do jovem rico?  Se essas barragens acontecerem, serão mais de 500 mil pessoas prejudicadas, desde Santarém até Jacareacanga e os parentes Munduruku.
4. Mas não são apenas as hidroelétricas que ameaçam a nós e nosso belo rio Tapajós. A cidade de Santarém, já bastante invadida por empresas que invadem áreas nobres como a orla da cidade, agora três portos graneleiros e mais um terminal ferroviário, todos de empresas de fora da região. Se forem construídos, além de invadir uma área de proteção ambiental na boca do lago do maicá, vão expulsar mais de 300 famílias que vivem em nove bairros da periferia da cidade. Triste é que o prefeito e maioria dos vereadores apoiam essas desgraças.
5. Ficar indiferente a essas duas ameaças à Nossa Casa Comum e a nossos irmãos, é não entender como Pedro, o projeto de Jesus. Queremos ser chamados de satanás como Pedro foi? Herodes e doutores da lei estão tentando enganar a todos nós. Qual foi a atitude de Jesus diante deles?
6. CONCLUSÃO – O Cristoval certamente é um momento forte de espiritualidade. Estamos muito íntimos do Divino Espírito. Provavelmente muitos estão perguntando a Jesus como o jovem rico: SENHOR QUE DEVO FAZER PARA ALCANÇAR A VIDA ETERNA? Aqui em Santarém, no Tapajós, na Amazônia? Também, a resposta de Jesus é a mesma dada ao jovem rico: Vai, renuncia à tua segurança acomodada e vem e me segue.

Diante dessas duas realidades apresentadas nos filmes, o que Jesus propõe a nós todos? Com certeza que será o mesmo que ele disse a Pedro e aos discípulos; “quem quiser me seguir, tem que ter coragem de tomar a cruz, de enfrentar esses Herodes e Doutores da lei que pretendem usar nossas riquezas de São Luiz do Tapajós e Área de preservação ambiental da boca do Maicá, para seu progresso, à custa das desgraças de nossos irmãos e de nosso território. Afinal, nós cristãos somos legítimos representantes do Mestre em Santarém, no tapajós e no planeta. Portanto, a cruz a ser carregada está aí, Aqui e Agora! AMÉM!!

Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.