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Sempre ficamos na esquina da Rua da Moeda para ver o Carnaval passar. Lá tem de tudo, uma mistura de pobres, ricos e remediados, coisas que só o Carnaval pode fazer. As pessoas se vestem como querem e como podem. Vestem fantasias do que desejariam ser ou inventam em casa mesmo, mas tudo numa alegria regada a suor e cerveja! Mas fiquei encantada com dois pombinhos lá em cima de prédio cor de rosa, aos beijos e abraços e como se diz na linguagem deles, arrulhando! Assim escrevi esta crônica..
Lu e Li trocavam beijinhos e afagos no alto do prédio rosa choque. Em baixo a alegria rolava solta. Marchas e frevos-canções falavam de amores perdidos, confetes dourados, máscara negra, ciganas e tantos outros temas comuns à época.
Ninguém se preocupava em olhar para o alto e vê-los arrulhando coisas de amor numa linguagem mágica e initeligível. Por mais barulho que as orquestras fizessem nada interferia no colóquio amoroso daquele jovem casal embalado pela brisa suave vinda do mar.
Então pensei na marchinha que diz: …”é lindo ver o dia amanhecer e pastorinhas lindas cantar que o Recife tem o Carnaval mais bonito do Brasil…”. E quando o sol partia para abraçar à noite eles, os apaixonados, repetiam com a multidão lá de baixo:
…”Oh! Oh! Saudades, saudades tão grande, saudades que sinto do clube das Pás, dos Vassouras, passistas trocando tesoura nas ruas repletas de lá…” Abriam as asas e voavam para se esconder e amar num recanto secreto dos velhos sobrados do Recife. (Carnaval 2016.)
Obs: Imagem enviada pela autora.