1 de março de 2016
Éramos amigas. Ela, negra, pobre, linda. Eu, uma rebelde cheia de causas. Ela queria ser doutora e mudar sua história. Eu queria ser guerrilheira e mudar a história do país. Sem uma vaga na faculdade pública, ela pagava seu curso com a beleza e a disponibilidade sexual. Cada saída era um abuso. Cada abuso era lágrimas escondidas. Aguentava, queria ser doutora. Eu não concordava, mas não tinha tempo para convencê-la. Um dia foi levada para fazer aborto. Ela era negra, pobre, grávida. Nunca mais a vi. Tive tempo de chorar por ela.
Obs: Imagem enviada pela autora (site Mulher Negra & Cia)
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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