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Nossa Casa Comum, Responsabilidade de Todos/as, esse é o tema da Campanha da Fraternidade, um desafio para todos os cristãos e não apenas os católicos. Aliás, é uma das poucas CFs ecumênicas. E mais, para todas as pessoas e instituições que já sabem que o planeta tem limites de funcionamento e precisa de cuidados.
O caderno de orientações sobre reflexões da CF focaliza principalmente a questão do saneamento básico da Casa Comum. Tal enfoque é correto, porém limita o espaço para a responsabilidade de todos/as. A Casa Comum tem sala, quarto, cozinha e quintal. Saneamento básico pode ser a cozinha dessa casa. De fato é preciso se fazer uma limpeza constante do lixo, tratar a água, exigir um tratamento adequado dos resíduos sólidos, etc. Mas não basta cada um fazer sua parte no seu entorno.
O quarto é o bairro, onde os moradores são convocados a fazer sua parte cuidando do esgoto a céu aberto, combatendo a proliferação dos mosquitos, exigindo iluminação pública, proteção das calçadas e do trânsito. O quintal da casa comum é a cidade toda e a região onde vivem milhares de pessoas que precisam também defender seu território, exigir qualidade de vida na educação de seus filhos, assistência à saúde de qualidade. Também exigir tratamento de lixo em dignidade fora de lixão.
A varanda é toda a Amazônia, considerada pulmão do mundo, mas atualmente atacada de tuberculose dos desmatamentos, das mineradoras, dos agrotóxicos e dos projetos hidroelétricos. São cerca de 35 milhões de seres humanos agredidos, ameaçados e que precisam de solidariedade.
Finalmente ao redor da casa comum está a praça, isto é, o planeta todo, precisando de quem cuide dele. Os governantes de todos dos países são incapazes de assumir essas responsabilidades, como bem revelou a recente cúpula do ambiente em Paris e por isso, a casa está abalada com tantas epidemias, aumento de calor, secas e inundações imensas. Espantosa é a estatística de cidades sem saneamento básico, sem esgoto sanitário adequado. As epidemias de dengue e zica vírus não são causadas pelo acaso.
O tema da CF convoca a cada um/a a ir além de só fazer sua parte individual. Chama a buscar unir forças com grupos, igrejas e organizações populares, para se conseguir proteger a casa e seu entorno. Não é possível gastarem 30 bilhões de reais numa monstrenga hidroelétrica de Belo Monte e deixar a cidade de Altamira arrasada; gastar outros bilhões em projetos impactantes na Amazônia e deixar a educação e a saúde pública à deriva, sem recursos.
Não é possível se cuidar da Casa Comum, quando na Amazônia, segundo o Instituto Sócio Ambiental, as Áreas de Conservação (UC) estão invadidas por projetos de mineração. A maioria dos processos está em Ucs federais, 10.686, seguidos por 4.181 em Terras indígenas (Tis) e 3.390 processos em Ucs estaduais.
Essa contradição dos governantes é crime contra a casa comum e seus habitantes. Combater tais crimes é responsabilidade de todos nós. Por isso, a Campanha da Fraternidade, pretende sensibilizar todos os habitante para tomarem consciência, juntar-se aos demais comprometidos em salvar o planeta, também cuidando do saneamento básico.
Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.