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“O jornalismo é assunto de interesse geral, como toda atividade com alguma exposição pública – a política, a engenharia, a arquitetura, a gastronomia, a funilaria e as religiões e suas promessas de transcendência e suas aberrações”. (Moisés Mendes, jornalista Jornal Zero Hora)

.Todo profissional deve defender os seus interesses intrínsecos ao seu ofício. Os jornalistas, assim como os professores, trabalham com temas de interesse geral, a educação e a informação. Por isso mesmo, precisam toda hora justificar o seu trabalho e legitimar a função social do seu trabalho. Os jornalistas, em especial, lutam pela qualidade da informação, apresentando slogans como este: “Sem jornalista não tem informação”.

A democratização da informação, através da internet e das redes sociais, acabou, definitivamente, com a ideia do monopólio da informação. Desta forma, todos se sentem no direito legítimo de produzir e comunicar informação, o que é um grande avanço civilizatório. O que é reservado aos profissionais da comunicação, no entanto, é o seu compromisso ético com a verdade e com a veracidade dos fatos comunicados ou produzidos. O que é reservado aos profissionais da educação (professores) é a realização de processos pedagógicos que permitam aos alunos a sistematização das informações para que estas se tornem conhecimento (tenham valor e utilidade prática e reflexiva).

Não nos iludamos, toda informação é seletiva. Os blogueiros, os cronistas, os jornalistas e os professores que escrevem (embora poucos) apresentam abordagens por conta de suas motivações pessoais e convicções políticas e ideológicas. Na educação, assim como na informação, não há neutralidade, pois quem ensina e quem escreve ou comunica interpreta os fenômenos educativos e sociais à luz de seus valores, de suas convicções, de seus ideais de ser humano, mundo e humanidade.

Fico pensando como é ser jornalista atuando em meios (ou redes) de comunicação com linhas editoriais direcionadas para favorecer as estruturas sociais dominantes – para manter tudo como está (status quo). Fico imaginando o sentimento daqueles que simplesmente se submetem ao script, sem questionamentos. Fico imaginando como devem sentir-se aqueles que foram escolhidos (ou contratados) para ocupar espaços como “reserva de informação crítica”. Ser jornalista, nesta condição, deve ser um exercício interessante e intenso para demonstrar, permanentemente, os contrapontos da informação.

Penso que a especificidade do fazer jornalístico deveria traduzir a realidade dos fatos sempre contrapondo as diferentes fontes e os verdadeiros interesses de todos os sujeitos envolvidos. Deveria ainda contemplar, ao máximo, o universo da existência de suas informações e fontes para subsidiar os leitores na formação de uma opinião ou do conhecimento. O jornalista deveria evitar juízos de valor ou julgamentos sumários de sua informação, mas sempre indicar caminhos para o aprofundamento do tema para que o próximo passo seja a busca da verdade.

O fato de não ser jornalista me dá mais liberdade para  produzir reflexões sobre seus interesses. Permite-me sugerir que talvez fosse mais coerente que jornais, rádios, revistas e redes de televisão assumissem publicamente as suas posições políticas e ideológicas no tratamento de suas informações. Permite-me sugerir que estamos num mundo com intensa comunicação, mas cada vez mais distantes das possibilidades de conhecimento. Finalizo citando pensador Peter Drucker para destacar a importância do jornalismo: “o conhecimento e a informação são os recursos estratégicos para o desenvolvimento de qualquer país. Os portadores desses recursos são as pessoas”.

Obs: o autor é professor, escritor e ativista em direitos humanos, desde Passo Fundo, RS.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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