Suas palavras encantavam os ouvintes, seus conterrâneos, que não podiam fazer menos do que elogiar “o filho de José”…
Mas Jesus percebeu, primeiro, a força do preconceito que, no fundo, prevalecia em seus corações: “santo de casa não faz milagre”.
Em seguida, o bairrismo: “Por que não faz aqui o que fez noutros lugares”?… O que não passava de uma desculpa para justificar o preconceito e a rejeição da pessoa de Jesus.
O filho de José, além de refutar o preconceito, corta pela raiz qualquer pretensão de se apossar dele, controlar seu ministério, encurralar sua missão, em função de interesses menores, egoístas e possessivos.
Como os grandes profetas do passado, Jesus se apresenta como alguém que age em nome de um Deus que não se deixa manipular, que não é exclusividade de ninguém, de nenhum grupo, cultura ou religião, cuja causa única é a Vida, cuja única preocupação é salvar.
Como o Cântico de Maria, Mãe desse Jesus, que o nosso cantar celebre a esperança dos excluídos de todos os tempos, vítimas de todo tipo de preconceito e prepotência.
O tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica e a coincidência com um ano de Eleições Municipais, à luz da mensagem evangélica de hoje, nos levam a ficar de olho na postura de gestores e legisladores: como ajudar a população a escolher gente que pense em Saneamento Básico como política pública para todos e não apenas para os bairros dos ricos… Eleger gente que pense no ser humano, priorizando os que mais precisam… Já é tempo de acabar com essa prática preconceituosa e injusta da “política pobre para os pobres”!
Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS.