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Quando o Papa Francisco apela para o ministério episcopal como um serviço ao Povo de Deus, é bom que os cristãos conheçam melhor a tarefa de ser bispo hoje na Igreja de Jesus.
O bispo é, antes de tudo, um Pai. Um pai que deve dar e receber carinho e afeto de seus filhos. Primeiros, entre esses, são os seus sacerdotes. O bispo não é nada sem os seus padres. Na cerimônia litúrgica da ordenação sacerdotal, o bispo, tendo entre suas mãos as mãos do ordinando, pergunta-lhe: “Prometes a mim e aos meus sucessores reverência e obediência?” A que o ordinando responde – e deve fazê-lo de todo o coração – “Prometo!” Quando eu ordenava religiosos, estando presente o Superior provincial, pedia-lhe que juntasse suas mãos às minhas, para receber mais uma vez a promessa de obediência, que o ordinando já teria feito na profissão dos seus votos religiosos, mas de forma genérica e impessoal.
O bispo é pastor de seu povo. Diz o papa Francisco que o bispo pastor vai à frente do rebanho, para guiá-lo no caminho da verdade, do bem e do amor. O bispo é também um pastor que está no meio de suas ovelhas, como irmão e participante de suas dores e felicidades, de suas tristezas e alegrias, de suas derrotas e vitórias. Mas o bispo como pastor, diz o papa, vai ainda atrás de seu rebanho, para não permitir que alguma ovelha se desencaminhe e perca o rumo certo e a meta desejada.
O bispo é o mestre da verdade. Ele alimenta seu rebanho com o pão da doutrina cristã. Ele é o primeiro Catequista de sua Igreja Particular. Ele deve considerar a catequese como a primeira das prioridades pastorais. É assim que os catequistas, envolvidas nesta que é a primordial tarefa da Igreja, devem ver o seu bispo.
O bispo tem o poder de governo e de juizo em sua diocese. Esta doutrina, já bem definida no Código de Direito Canônico nos cânones 375 a 572, foi agora mais uma vez esclarecida pelo Papa Francisco, na Carta Apostólica Mitis Iudex Dominus Iesus, de 15 de agosto de 2015, na qual deu especiais poderes ao Bispo para julgarem se um matrimônio foi válido ou não, sem necessidade de um tribunal propriamente dito, mas apenas devidamemte assessorado por um bom canonista.
E hoje? O que dizer da tarefa do bispo hoje? Cito apenas as palavras do Papa Francisco falando no encerramento do V Congresso Nacional da Igreja italiana, em 10 de novembro último: “Sonho com uma Igreja livre, aberta, inquieta, cada vez mais próxima dos abandonados, com o rosto de uma mãe, que compreende, acompanha, acaricia.” Aos bispos italianos, naquela oportunidade, Francisco recomendou atitudes de humildade, abnegação e bem-aventurança, que demonstrem não estarem eles obcecados pelo poder, mesmo quando é necessário assumir o rosto de um poder útil e funcional à imagem social da Igreja.
Essa é a tarefa do bispo hoje, como o quer o Pastor universal.
Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.