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A semana que passou teve sinais de vida e sinais de doenças sociais na nossa região. Vale a pena se refletir sobre ambos para sentir em que sociedade estamos vivendo e como podemos contribuir para mais vida e menos doenças sociais.

Sinais de vida foram vários, destacamos alguns mais evidentes:

  1. Uma reunião de presidentes de associações de moradores dos bairros ameaçados por grandes projetos de construção de portos graneleiros. Estes projetos ameaçam milhares de moradores de nove bairros da periferia da cidade, além de várias comunidades rurais no planalto santareno. Na reunião, os líderes estudam como participar de uma audiência pública, que vai acontecer em breve, sobre um tal Eia Rima dos portos. Querem desmascarar as ilegalidades do Relatório de Impactos Ambientais, feito às pressas para justificar a destruição de uma Área de Proteção Ambiental, APA na boca do lago do Maicá. O que os deixa mais indignados é que a maioria dos vereadores e prefeito de Santarém apoiam declaradamente tais projetos prejudiciais a milhares de famílias da cidade e planalto. A organização e resistência dos líderes e suas associações é sinal de vida.
  2. Outro sinal de vida. O compromisso assumido pelo Ministério Público Federal, MPF de realizar em Santarém, uma audiência pública. Também serão analisadas as ilegalidades e falsificações do estudo de impactos ambientais, EIRA RIMA do projeto de construção da barragem de São Luiz do Tapajós. A AUDIÊNCIA será no dia 29 de janeiro, das 14 às 19 horas, no auditório da Associação Empresarial de Santarém, ao lado do prédio dos correios, na frente da cidade. Para o MPF será importante a participação de estudantes, professores, associações de moradores, comunitários da FLONA, da RESEX, das igrejas cristãs. Segundo o convite do MPF estão convidados: Ministério de Minas e Energia de Brasília, IBAMA, FUNAI, Prefeitos de Santarém, Belterra, Itaituba, Jacareacanga, deputados paraenses, empresários, entre outros. Serão focados graves erros de informação pelo governo sobre a hidroelétrica de São Luiz do Tapajós.
  3. Mais um sinal de vida foi o programa “Rural Debate” da Rádio Rural de sexta feira passada. O assunto debatido por três representantes da sociedade civil, foi a questão da privatização da rodovia Br. 163, que passará a ser rodovia Cuiabá Miritituba, em vez de Santarém Cuiabá. Empresários e políticos santarenos estão preocupados com esse abandono da região e cidade. Um dos participantes do debate chegou a dizer que esse asfaltamento atual entregue a empresários do Mato Grosso se deve á força política do pessoal de lá. Ele não disse, mas ficou evidente que os políticos e empresários de Santarém e do Pará não tem capacidade política, nem interesse de lutar pelos povos daqui. Outra evidência dessa privatização da rodovia é que ninguém está preocupado com as vidas humanas dos moradores ao longo da rodovia e das cidades do entorno, mas sim garantir o escoamento de grãos do Mato Grosso pelo caminho mais rápido e para isso as grandes empresas estão construindo 8 portos em Miritituba.

Os destaques para os sinais de doenças sociais são:

  1. A situação dos governos municipais da região, com prefeitos cassados e recassados e as populações abandonadas. Assim, Monte Alegre, Alenquer, Oriximiná, Belterra. Nesse clima como é que podem esperar os candidatos/as ter simpatia dos eleitores nas próximas eleições de outubro?
  2. Já em Santarém, cidade polo regional, a descrença nos políticos é geral. O prefeito, 11 meses restantes de governo, anuncia reforma administrativa. Que significa isso? Corte de funcionários, encolhimento de secretarias, tudo para sobrar dinheiro e ele iniciar algumas obras em vista das eleições de outubro. O hospital materno infantil de Santarém iniciada construção em 2013, faltam 60% para construir e o prefeito afirmou que concluirá até dezembro. Se isto acontecer pode se contar como milagre. Quem acredita nesse tipo de milagre?
  3. Fica uma pergunta no ar para ser respondida pelas comunidades da região de Arapixuna – o que poderá ser diferente com a criação do novo Distrito de Arapixuna? Apenas a honra do título? Não é ironia, basta olhar o que tem de diferente nos distritos de Curuai e Boim. Neste a barreira está para derrubar a igreja de São Tomé, não tem cais de arrimo, não tem correio bancário, não tem energia do linhão, que está já próximo de Daniel de Carvalho e não avança. Já o distrito de Curuai era pra ter correio bancário, onde mais de 5 mil pessoas recebem salários ou pensões pelo banco; lá a estrada Translago vive sempre numa lástima, a energia elétrica interrompe mais que funciona e ainda, nenhum político do município, ou do Estado defende o povo das ambições da ALCOA que quer invadir o território do Lago Grande. Assim sendo, o que mesmo diferencia um distrito de uma comunidade comum?
  4. Essas são algumas situações conjunturais da região que chamaram a atenção. Você pode refletir e tirar suas conclusões. Incluindo ainda a ânsia por um emprego em mais de mil pessoas que estão neste momento na cidade de Mojui dos Campos, disputando uma vaga no concurso municipal. Quantas pessoas não estão sonhando com ter uma renda própria nesta época difícil de alta inflação e crise econômica, não é mesmo?

    Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
    Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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