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Depois de Ser e Ter, tudo indica que agora a humanidade está no seu terceiro estágio: o de Parecer. Nunca tantos pareceram ter o que não têm e ser o que não são, quanto agora, nessa supérflua e insaciável boca modorrenta do Século XXI. Pode ser apenas palpite de um simples observador da condição humana, sem qualquer academia, mas curioso sobre os embates da velha e sempre mesma existência desse ser dito superior.
Primeiro, o Ser foi destaque e ápice na busca de uma vida plena, com ideais de humanidade disseminados pelos filósofos gregos. Estávamos entre os séculos VII e I a.C. Período no qual características como moral, ética e cidadania eram consideradas como objetivos elevados de cada um.
A partir do Século I até meados do Século XVII, entramos na era do Ter, especialmente forjada com a Revolução Industrial, que proporcionou e proporciona uma produção em massa e um consumo idem.
O Parecer chegou no final do século passado, com a gama de itens e condições ilusórias forjadas pela era anterior. É isso mesmo, brother, estamos inteiros (e estilhaçados!) na era bigbrotherana, onde ninguém parece ser o que é e muito menos aparenta ter o que realmente tem.
É só atentarmos para a surrealidade que nos cerca e nos engole diariamente. E o que vemos são mulheres e homens fazendo todos os tipos de lipo, cirurgias estéticas das mais diversas e pintura em cores variadas dos cabelos brancos, na louca e desenfreada tentativa de se prender a juventude, como se prende um animal pelas rédeas.
Jovens ditos saradões, musculosos e torneados, de tão bombados que ficam depois de exagerados meses nas academias de ginástica ou nas visitas sorrateiras e covardes aos inseparáveis anabolizantes e esteróides.
Bicicleteiros e carroceiros com celulares pendurados nos ouvidos, acreditando cegamente que assim estão inseridos nessa era da modernidade e do consumismo.
Pretensos intelectuais forjados nos reinos alienantes das TVs e vítimas da overdose de informação espalhada principalmente pela internet. Mas contraditoriamente, longe do verdadeiro conhecimento, já que encontram-se cada vez mais alienados e estagnizados.
A esperança é a de que, parecendo ser cíclicas todas as coisas terrenas, os valores herdados pelos gregos antigos sejam novamente reconduzidos aos seus devidos lugares, ou seja, a cabeça e o coração do Homem. Porque, antes de ter e parecer, o nosso único anseio é o de se reconhecer.
Obs: Imagem enviada pelo autor.