Ana Eliza Machado 15 de janeiro de 2016

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Fogos de artifício iluminaram o horizonte do bosque, e as duas sombras, já debilitadas e transparentes, escondidas atrás das árvores sabiam o que aquilo significava. Logo as novatas chegariam.
E não tardou para que isso acontecesse, logo pipocaram aqueles novos seres por todo o bosque que, iluminado pelos fogos e pela lua tornava-se mais confortável do que uma hora antes fora, frio e sombrio, cinza e monocromático.
Os novos seres eram de cores mil, e mais quentes, mais fortes do que aquelas que já estavam ali, esperando.
“E agora, mãos à obra!”, exclamou aquela criaturinha tão parecida, em forma, e tão diferente, em cor, das outras.
Eram todas iguais, aqueles pequenos seres de formas proporcionais, simétricas, pequenas, agudas. Eram todas como vidro, e a transparência translúcida de algumas delas denunciavam suas idades- e ideias.
“O que quer dizer, novata, com ‘mãos à obra’?”, perguntou uma das formas quase transparentes, “não há nada o que fazer aqui, se a força com que foi criada já se extinguirá quando as luzes no céu se apagarem. Não há o que fazer, só esperar com que fiquem como nós, transparentes, até se apagarem por completo também”.
“Ora, e como pode ter tanta certeza?! Eu sou a Promessa de Amor! E essa aqui do meu lado, é a Promessa de Felicidade! Como pode ter tanta certeza que apagaremos? Que a força que nos criou não será o bastante para nos manter?”
“Porque eu mesmo já fui como vocês. Fui a Promessa de Paz. Aquele ali, que engorda mais a cada dia, a Promessa de um Corpo Enxuto. Acolá, a Promessa de Força, que se esvai a cada batida de coração. Por ali, as promessa de Leitura, de Estudo, de Dedicação, de Trabalho, de Sobriedade. E todas elas, todas nós, estamos desaparecendo. A força que nos criou, que você parece idolatrar tanto, não foi o bastante para nos tirar daqui, e nos levar até lá”. A Promessa de Paz apontou para uma montanha, onde um lindo palácio de cristal brilhava à meia luz, refletindo as cores dos fogos, ora amarelos, ora vermelhos, ora um arco-íris resplandecente no céu.
“Ali, não somos promessa. Seremos realização. E mesmo assim, os que ali vivem não são em maior ou igual número que nós, que aqui ficamos, esperando”.
“Esperando pelo quê? Não há nada que possamos fazer?”
“Esperamos por Ela. Ela que foi se aventurar no mundo dos homens, que já esteve no Palácio e por vezes ronda esse Bosque. Ela que mantém todas nós vivas, mesmo que debilitadas. Ela que alguns de nós pensam que é puro mito, já que não aparece há algum tempo. Esperamos que ela traga a força que nos manterá vivos e prontos para cumprir aquilo que nos foi incumbido, apesar da força que nos falta.”
“E quem é Ela? Por quem devemos esperar, e saber que ainda podemos, que ainda teremos nossa chance no Palácio das Realizações?”
“Acreditamos nela, e esperamos por Ela. A Esperança”.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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