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Vamos começar com o apelo do Papa Francisco aos povos do mundo, no dia Mundial pela Paz. Ele estimula que se rompa com a indiferença e se conquiste a paz. Portanto a paz não se ganha de graça. O novo ano que começa nestes dias, nos abre desafios sérios, tanto pessoal, como coletivamente. Observando um pouco do que ficou do ano passado, não dá para se ficar indiferente só cuidando de si. Vários municípios estão sem rumo, com prefeitos sendo despostos, câmaras de vereadores cuidando mais de seus interesses que de suas responsabilidades no cargo; em outros municípios, prefeitos continuam no cargo mas com muita decepção dos munícipes, por incompetência e falsas promessas de campanha. Por falar nisso, neste ano um dos grandes desafios para todos os e todas eleitoras é que, em outubro haverá eleições municipais. O grande desafio é, quem merece meu voto para prefeito e para vereador? O quadro inicial de pre candidatos não deixa esperança. Se os critérios forem Honestidade, competência e compromisso com a população, está muito difícil enfrentar esse desafio.

Na cidade de Santarém, 300 mil habitantes fixos e mais uns 15 mil visitantes regionais e de fora, continuam os conflitos sociais, territoriais e ambientais. Tudo por causa de projetos que chegam com promessas de desenvolvimento, mas na realidade buscam apenas progresso econômico para poucos, com problemas para a maioria. Assim são casos como, a ampliação do Porto da Cargill, com a usurpação do bosque e do campo esportivo da Vera Paz e o aumento de centenas mais de carretas atravancando as ruas da cidade. Sem contar também esse grande projeto dos portos graneleiros, invadindo área de proteção ambiental na boca do lago do Maicá. O projeto já está ameaçando prejudicar milhares de famílias em sete bairros e mais comunidades rurais por onde querem construir uma rodovia e avenida para passagem de mil carretas diárias. Imagine o desafio de impedir essa desgraça, quando as autoridades municipais estão dando todo apoio aos projetos.

Outro grande desafio para conquistar a paz é quem vai morar nos projeto Minha Casa minha Vida. Estão previstas mais de duas mil famílias que vão se amontoar ali, sem árvores, sem posto de saúde, sem igrejas, sem praças. Sem contar que podem estar ameaçados pelo próximo inverno, já que as casas estão construídas em terreno inadequado, como já revelou o inverno passado. Não se pode ignorar também o desastre da imobiliária Buriti que ainda não foi resolvido e o inverno está chegando ameaçando mais uma vez o lago do Juá, preciso criatório de peixes, hoje atolado em lama. Que vai recuperar o lago assoreado? Quem vai romper a indiferença nesses casos? E assim, com esses e outros graves problemas sociais e ambientais, são grandes os desafios que esperam rompimento da indiferença de todos que fizeram a caminhada pela paz. Esperam principalmente de todos os que tem fé em Jesus Cristo, de todas as igrejas e até dos que não congregam em organizações e igrejas mas têm uma consciência ética. Alguns sinais positivos já se manifestam: um grupo de pessoas comprometidas do bairro Santarenzinho se organiza para dinamizar a associação  de moradores do bairro. Aquela associação já foi uma das mais guerreiras da cidade e hoje está moribunda. Tal inciativa deve ser estímulo para a maioria das 48 existentes  na cidade e que também parecem moribundas ou sendo castelo de presidentes eternos.

Para se levar a sério o rompimento da indiferença e conquistar a paz como propõe o Papa Francisco, é preciso cada um de nós começar por si, olhando a realidade do bairro, da comunidade, da cidade, da região. É preciso sair da indiferença. Não se pode ignorar que o governo federal, como um anti cristo está obcecado em destruir o rio Tapajós, como já destruiu os povos do rio Xingu. Agora quer construir a barragem de São Luiz e as outras. Esse desafio é para os moradores das cidades tapajônicas e ao redor, como Oriximiná, Mojuí e as demais. Também para os ribeirinhos da bacia do Tapajós, para nos juntar aos parentes Munduruku e formarmos um exército forte para impedir tais desgraças. Se eles vem com fuzis e força nacional, nós precisamos enfrentar com a força da união e coragem de barrar a desgraça. No mês de abril o Movimento Tapajós Vivo está organizando mais uma caravana até a comunidade de Pimental, lá onde o governo quer levantar uma barragem de 36 metros de altura fechando o rio. Precisamos romper com a indiferença e irmos junto com centenas de outros companheiros para mostrar ao governo que não vamos deixar acontecer mais desgraças aos povos da Amazônia.

Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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