Ir.Ronaldo Hein 15 de janeiro de 2016

“Eu vim para servir e não para ser servido”, Mt. 20, 28

Somos Educadores na Fé; educadores de formação integral (corpo, mente e espírito), “Preparando o mundo para tempos melhores”, (Doc. Educação Cristã do Pe. Moreau, fundador da Congregação de Santa Cruz).

A articulação de Animação Vocacional tem uma dinâmica diferente da antiga Pastoral Vocacional que se preocupava mais com o número de padres e religiosos/as e a sua formação acadêmica, negligenciando a formação básica que leva ao autoconhecimento como pessoa humana, aos seus dons e as suas falhas. Querer que o jovem tenha condições de discernir uma vocação estado de vida, enquanto não se conhece como pessoa humana, é contraditório. A primeira pergunta para alguém que almeja seguir uma vida totalmente voltada para o Amor-Serviço, deveria ser: ser uma pessoa fundamentalmente humana, compassiva, sabendo se relacionar, capaz de dialogar, reconhecer os seus dons e as suas falhas, e com condições de trabalhar sua formação integral?

Hoje a Igreja continua sofrendo as consequências de padres e religiosos/as, mal formado/as, (apressadamente por falta dos mesmos), com sede de poder, de dominação, de carreira que chama atenção, com manias autoritárias, incapazes de dialogar, de perdoar e, sobretudo, incapazes de amar. A dimensão cristã nos faz olhar para Cristo, perceber que devemos nos inspirar nele, nas atitudes dele, nas palavras dele, e, antes de qualquer escolha específica, fazer opção de estar com ele. Antes de ser missionários devemos ser pessoas de misericórdia para com aqueles que Deus coloca a nossa frente.  Sem uma Identidade e Mística baseadas na união com Jesus Cristo, seremos apenas realizadores de tarefas e não presença de Cristo no meio do povo.

Despertar Vocacional: levar todas as pessoas que fazem parte da comunidade cristã (todos os batizados) a tomar consciência de que são chamadas pelo Pai, por meio de Jesus Cristo, na ação do Espírito, para uma missão bem específica na Igreja. Uma etapa permanente e voltada para todo o povo de Deus, que deve ser “sacudido” para se comprometer com o Reino de Deus … Amor-Serviço.

Todos nós somos vocacionados. Em primeiro lugar, somos chamados à VIDA. Todos os seres vivos foram chamados à vida, dos mais simples organismos, que garantem o equilíbro na biodiversidade, às galáxias mais distantes. A encíclica do Papa Francisco. “Louvado Sejas, sobre o cuidado da casa comum”, homenageia São Francisco de Assis, ressaltando que ele vivia “numa maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo”. Isso é a nossa Vocação Fundamental, viver dia após dia como filhos e filhas de Deus, criados na sua imagem e semelhança, obedientes à sua santa vontade. Viver a Simplicidade – a Intenção Única de colocar a vontade do Pai em primeiro lugar, na convivência diária.

Ligada com esta primeira dimensão do nosso chamado está a nossa vocação estado de vida: vivendo o Amor-Serviço na convivência diária.  Esta vocação é vivida na opção de casar e construir família; ou a opção de permanecer como solteiro/a dedicado à comunidade familiar, social, eclesial no Amor-Serviço.  Dentro desta opção de vida existe a opção pelo sacerdócio ou a opção pela vida religiosa consagrada. O chamado básico para todas as opções é o Amor-Serviço.

A terceira dimensão de opção vocacional para a pessoa humana é a opção profissional. Essa opção é crítica para os jovens de hoje, pela grande influência do mundo atual, de optar, em primeiro lugar, para a profissão que vai dar mais dinheiro. Novamente, lembre-se de que o critério para uma realização maior como pessoa humana é optar por uma profissão onde mais se possa servir ao próximo com os talentos recebidos por Deus. É a opção para o Amor-Serviço que vai garantir felicidade no desempenho do trabalho e tranquilidade na convivência diária. Com esta motivação, é mais garantido que se vá fazer um trabalho de Amor-Serviço, isto é, de qualidade e honesto. Essa maneira de trabalhar “enobrece” o trabalhador. Para quem trabalha principalmente pelo dinheiro está reservada uma vida egoísta que leva à frustração e confusão na convivência diária; isso afeta não somente o profissional, mas toda a família e as pessoas com quem tenha contato no dia-a-dia.

A sociedade gosta de comparar as pessoas e os diversos serviços, como quais são as pessoas mais importantes ou os trabalhos mais importantes; parece que todos querem ser campeões. O Papa João Paulo II, na sua encíclica, Laborens Exercens, destaca: o que faz cada pessoa ser importante e ter valor como trabalhador, é o fato de ter sido criado na Imagem e Semelhança de Deus; nisto somos todos iguais.

Há uma tendência no mundo atual de colocar certos “valores” em primeiro lugar na vida (até acima de Deus), como verdadeiros deuses, entregando-se totalmente àquele ideal ilusório, para a realização pessoal, a felicidade: dinheiro, prestígio, prazer, beleza física, autoridade, um intelectual famoso. Todos estes poderiam ser como meios para alcançar o principal valor: SER pessoa humana que sabe amar e deixar-se amar no Amor-Serviço. O TER, SABER, FAZER da pessoa humana são meios para SER uma pessoa mais capaz de servir ao próximo com amor.

O exemplo de vida no Amor-Serviço que o nosso mestre, Jesus Cristo, nos dá nos Evangelhos pode servir para a nossa meditação e imitação. Sabemos, como educadores, que os educandos vão acreditar nesta proposta de Amor-Serviço tendo exemplos vivos na sua frente. Daí brota a necessidade de nós mesmos vivermos este Amor-Serviço em nossa vida diária. Os educandos acreditam em nossas palavras, mas são convencidos de colocar em prática através do nosso exemplo. (As palavras comovem, mas os atos arrastam).

Os educandos aprendem do exemplo mais do que da teoria. Temos que ver como criar uma nova cultura de Amor-Serviço entre nós. Se assumirmos este grande desafio de criar um ambiente de Amor-Serviço no CDA, vamos precisar trabalhar em conjunto com as famílias. Assim estaríamos trabalhando o projeto de Animação Vocacional. É esse ambiente de Amor-Serviço que vai criar um ambiente onde brotam as vocações sólidas para o chamado ao casamento, ao sacerdócio, à vida religiosa consagrada, ao leigo engajada na comunidade eclesial. Animação Vocacional é isso, todo batizado animado para o Amor-Serviço.

Alguém poderia perguntar: e os que não são batizados em nenhuma Igreja, são também chamados ao Amor-Serviço? Na Igreja Católica identificamos três tipos de batismo: 1) com água na Igreja;  2) de sangue, dando sua vida pelo outro ou pela sua fé;  3) vivendo sua vida segundo a sua consciência no Amor-Serviço. (e.g. Mahatma Ghandi).

A Animação Vocacional, é, em primeiro lugar, um chamado à VIDA: precisamos cuidar dela. Ser feliz e encontrar o caminho da dignidade humana, da plenitude.  Faz da sua vida um caminho na direção da descoberta da alegria de servir.

Podem pensar nos resultados de criar um ambiente assim na sociedade de hoje.  Alguns falarão que não é possível; outros, vamos experimentar e perseverar com confiança na Divina Providência. Pense nos resultados que poderiam advir.

Quais são os desafios de introduzir este programa de SAV – Serviço de Animação Vocacional no Colégio Dom Amando?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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