Lila Costa 1 de dezembro de 2015

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Quando falamos em bicicleta sinto uma saudade danada.

Quando éramos crianças papai comprou uma bicicleta de adulto e outra de criança, de menina, ambas eram usadas. Todos nós seis filhos aprendemos a andar de bicicleta. A gente achava muita graça papai ensinando mamãe a andar de bicicleta também. Eu andava até na de adulto, por debaixo quadro, era uma verdadeira acrobacia. Maria Laura até hoje comenta, achava o máximo, eu conseguir me equilibrar por baixo do quadro da bicicleta.

À tarde mamãe ficava na calçada controlando os passeios de bicicleta de cada um. Tinha um percurso específico, saía lá  de casa, dava uma volta no colégio, centro administrativo do Colégio Agrícola aonde residíamos   e voltava, para que outra criança fosse. Mas quando chegava vez de Sílvio, meu irmão, ele ia e não voltava, ficava dando muitas voltas até trazer a bicicleta  para outro irmão. Ficávamos danados com ele. Mamãe ameaçava mas não lhe impunha penalidade.  Sílvio era muito astucioso. Negociava com Maurício, seu amigo de infância, filho de Dr.Paulo Barreto Campelo, seu padrinho de crisma e diretor da Escola Agrícola, onde morávamos, trocava bombons por corridas de bicicleta.

Tenho uma grande frustração, nunca ganhei uma bicicleta nova, na caixa. Maria Laura a minha amiga de infância ganhou uma no Natal, cor de rosa, acho que era monark, naquela época só tinha esta marca. Lembro de Laura toda formosa, arrumada, de óculos escuros, linda, na sua bicicleta nova. Quando falamos em bicicleta me vem esta imagem à mente.

Tive oportunidade de comprar uma para Sílvio, quando morávamos na Torre-Recife. Este fez tantas peripécias, bateu as quatro freguesias da terra, se arriscou bastante em plena Av. Caxangá. Quando mamãe soube de tudo isso, lhe disse: se você não morreu até hoje de acidente de bicicleta, não morre mais. Mandou Sanclair meu irmão caçula tirar a corrente e em seguida vende-a ao nosso vizinho do andar de baixo no nosso prédio.

Até hoje nunca comprei uma bicicleta para mim. Quando as minhas sobrinhas tinham uns dois anos, dei-lhes de presente de Natal,  o menor tipo, a dente de leite. Quando fizeram dez  anos comprei duas cor de rosa, para as gêmeas, Lourena e Louise e uma amarelinha para Larissa, a caçula.

Sempre que vamos a algum hotel, se tiver bicicleta, não perco a chance de andar. Quando fomos ao Hotel Termas Mossoró, em Mossoró- RN., andamos Rosalvo, colega meu do Banco,  e eu naquele tipo, uma bicicleta emendada na outra, achei a experiência péssima. Devolvi-a e pedi duas, uma para mim e outra para Sílvio. No meio do passeio levei uma queda terrível. Sílvio ficou com medo que eu tivesse morrido, um pouco de exagero dele, é claro.

Sílvio se diverte falando das suas mais variadas experiências como ciclista, dá risadas, porque foram muitas peripécias, muitas trelas.

Quem sabe se não compro uma bicicleta e vou fazer parte daquele grupo de ciclista que saem por aí todo paramentado, à noite com luzes acesas para chamar a atenção dos motoristas ou de dia, pelas ciclovias da vida. Olinda, 24/11/2015

Obs: Lila Costa  (Suely Telma Vieira Costa)   é Membro da Academia  Escadense de Letras – AELE e da Academia Morenense de Letras e Artes – AMLA.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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