D. Edvaldo G. Amaral 15 de dezembro de 2015

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O Natal de 2015  afigura-se-nos  duvidoso e angustiado. Os ataques terroristas de Paris na sexta-feira, 13 de novembro, deixaram  o mundo perplexo e atemorizado. Em nossa pátria, a situação política e econômica, com  as maiores personalidades da República envolvidas em processos criminais e a economia cada dia mais angustiante,  deixa-nos inquietos e temerosos neste final de ano para celebrarmos a festa do Natal.

Apesar de tudo isso, nossas capitais se apresentam  ricamente engalanadas para a festa do Natal. Por exemplo, a capital do Rio Grande   do Norte, que leva exatamente  o nome significativo de Natal, está  com suas lindas avenidas feericamente  iluminadas, com  uma belíssima Árvore de Natal na principal delas.

Mas, é diversa a celebração do Natal, conforme o compromisso cristão e a sensibilidade religiosa de cada um.

Há o Natal do consumo, que é o Natal dos presentes, dos shoppings centers lotados, das ruas comerciais apinhadas de pedestres apressados, dos comerciantes calculando os lucros, em comparação com outras datas do calendário festivo. É o Natal dos cartões sem referência ao Divino Aniversariante. É o Natal do Papai Noel, o velho barbudo de origem episcopal,  que vem das regiões gélidas do planeta.

Há o Natal da gastronômica ceia natalina, o Natal do peru cevado e dos vinhos importados, reunindo parentes, provindos de outras cidades para a Ceia da meia-noite.

Há o Natal histórico, comemorando o fato acontecido pelos anos 6/5 antes da era cristã, relatado pelo evangelista Lucas, no qual uma Virgem chamada Maria, desposada com um carpinteiro de nome José, deu à luz virginalmente a uma Criança, que envolveu em paninhos e reclinou numa manjedoura em uma gruta nos arredores de Belém de Judá  porque, apesar de serem descendentes do rei Davi, não haviam encontrado lugar para eles na cidade, durante o recenseamento  ordenado pelo imperador romano César Augusto. Os pastores que vigiavam seus rebanhos nos arredores de Belém  (portanto, não era inverno nem era dezembro…) foram notificados por anjos do céu  do fato extraordinário do nascimento do Messias esperado e convidados a ir adorar o recém-nascido na gruta, sempre segundo o evangelista Lucas. E a fé cristã nos diz que este Menino de Belém é o próprio Filho de Deus feito homem para nossa salvação.

Há, finalmente, baseado nessa revelação bíblica, o Natal da missa do galo,  com a celebração  da divina Eucaristia naquela noite santa, preparada com a recepção do santo sacramento da Confissão, para uma piedosa Comunhão e participação digna e frutuosa do Sacrifício eucarístico.

Este é o Natal da Igreja. Este deve ser o nosso Natal, sem desprezar os outros Natais, mas evitando os exageros e colocando o Natal do Papai Noel, da Árvore, dos presentes, dos cartões e da ceia natalina em dependência da celebração litúrgica da Noite santa  do nascimento do Filho de Deus,  feito homem por nosso amor.

Obs: O autor é  arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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