Acordei com a barra do dia meio alta.
Saí à varanda, ouvi um sussurro quente, trazido pelo vento.
A voz suplicava à lua branca e fria, que ela não se fosse. Era dele, o sol, o sussurro quente que eu ouvira. Queria vê-lo e, assim, saciar um pouco o ardor e paixão que me abrasava o coração.
A voz altiva e cansada respondeu-lhe que estava com sono, pela noite mal dormida, visto que a passou insone, embalando os sonhos de casais enamorados. Ela alegou que a luz dele, sol, a deixava sem brilho e ela, à ele, ficava invisível pelo seu brilho incendiário, mais forte e maior.
Não lhe restava, portanto, alternativa, senão aquela de se encontrarem furtivamente, quando ela saia do céu, clareado por causa dele, que estava a chegar.
O sol, ressabiado, quis discutir a relação, parar o tempo, retroceder a hora. Porém, o dia não se fazia esperar e ele, esplendoroso, com raiva e frustrado, subiu rápido aos céus, enquanto ela descia vagarosamente, derramando lágrimas de tristeza por saber que nunca iam se tocar.
Ela, assim como ele, levaria o amor platônico, até o fim do mundo, quando se encontrariam em explosões definitivas, do amor realizado.