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A imaginação manda em mim e me mantém escravizada com punhos de ferro. Dela não posso fugir. Leva-me para onde bem quer, como agora, e me faz pensar na ironia de certas situações e no quanto somos impotentes para governar nossas vidas. Fala-se do livre arbítrio. Claro que foi o arbítrio que nos pôs no mundo.
Há um aniversário rolando por aí. Acendem-se as velas para o ano que vem, apagam-se as velas das tristezas passadas. Parabéns para o tempo que passa ou para a ilusão que fica. Para os dias acesos para os já apagados. Para os doces que engordam e os salgados que tiram gosto, para o vinho que alegra ou entristece. Parabéns para quem canta descendo a ladeira.
Alguém me fala da diferença de destinos entre os membros de uma mesma família. Então eu penso, seria melhor ter nascido bicho. Entre eles os destinos são diferentes, mas eles não têm consciência disso. Um cachorro quanto mais bem tratado mais se afasta dos parâmetros de sua condição animal. Um vira latas cumpre melhor o seu destino, anda por onde bem quer livre das malditas rações, dos passeios para fazer cocô e xixi, e dos cruzamentos com fêmeas escolhidas pelos outros. Às vezes penso que quem faz isto é um “cãofetão”.
Na verdade nos preocupamos muito com a morte, mas o que temos a temer é a vida.
Sinto inveja dos vegetais. Cada um com suas flores ou frutos, com suas cores e perfumes. Têm sua vida breve, mas, estão sempre voltando a viver. Se nascem nos palácios ou nos mangues, têm seus encantos. Veio-me então à mente um poema onde se diz que as flores tanto enfeitam a vida como a morte.
Não se enterram flores mortas.
Os seres humanos são cruéis, enterram-nas ainda vivas.
Obs: Texto do livro da autora – Doido é quem tem juízo –