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Ao celebrarmos a Primeira Comunhão da minha afilhada, Helena, desde os ensaios para a celebração, tudo me fez voltar no tempo, quando        da nossa primeira comunhão, de Heber, também padrinho de Helena, meu querido irmão, em saudosa memória e a minha, em 08/12/1957, daqui a 1 mês estarei completando 58 anos.

As lembranças e a saudade são imensas. Lembro de toda preparação fui até ao dentista para receber Jesus com a boca limpa.Aluna exemplar no catecismo, modéstia a parte. Tinha apenas 6 anos e 5 meses, Heber ia fazer 8 anos em fevereiro.

Mamãe preparou a casa toda, fez enxoval de cama e mesa, cortinas novas, um lauto almoço para os padrinhos e família, meu tio, irmão de papai, amigos dele e os nossos amigos do local onde morávamos. O meu vestido era lindo, todo bordado, era de organdi, cheio de flores em cujo miolo tinha uma pérola e caminho sem fim . Mamãe mandou fazer  permanente no meu  cabelo para ficar cacheado por igual e o véu era preso ao solidéu, fiquei parecendo uma bonequinha, uma noivinha. Roupa especial para quando chegasse da igreja, após o café da manhã na escolinha, nossa escola primária. Um rico café com todos os colegas da 1ª comunhão, a professora, que também foi nossa catequista e o diretor da repartição. A filha mais velha dele, Ana Rosa, também fez a 1ª Comunhão conosco, tudo muito solene. Outro vestido para vestir à tarde, quando iria receber visitas e partir o bolo confeitado. Papai contratou uma fotógrafa, que por sinal era mãe de um aluno que estudava na Escola Agrícola, onde residíamos, ela se chamava Dona Guiomar, levou consigo um menino, seu filho, mais ou menos da nossa  idade, muito bonito, eu ficava admirando-o, depois pensava, meu Deus! Hoje fiz 1ª comunhão.

Quando fizemos 50 anos de primeira comunhão, em 08/12/2007, Heber organizou e celebrou uma missa comemorativa, festiva, em Cachoeira, no Recôncavo Bahiano. Inclusive providenciou lembrancinhas com fotos nossas, na primeira comunhão, bolo confeitado, um almoço e a toalha da mesa onde estava o bolo era a mesma da nossa festa. As lembrancinhas ficaram lindas, quase choro quando as vi, feitas em sépia, processo para parecer foto antiga, meio amarelada. As pessoas que receberam aquelas lembranças ficaram encantadas e exclamavam:  nunca vi  festa de 50 anos de Primeira Comunhão. Sempre comentava e acho que Heber escutou, 50 anos agora, só se for de 1ª Comunhão, pois já tinha mais de 50 anos de idade, é claro, de formatura de magistério, só faremos em 2019, de faculdade só em 2023. Realmente foi um dia inesquecível.

Inclusive a mesma toalha, já mandei engomá-la para também fazer parte da festa de Helena, combinei com Ana Paula, a sua mãe, minha comadre e disse-lhe que seria uma forma de homenagear o padrinho, Heber, que se aqui estivesse iria ficar contente em ver a nossa toalha de mesa, quase sexagenária, enfeitando a casa de Helena.  É  claro, Ana Paula, a mãe de Helena comprou uma toalha especial para este momento, mas acatou muito gentilmente a minha sugestão. Quando Helena estiver grande vai poder contar esta história, para os amigos e seus filhos, no futuro.

Costumo valorizar estas tradições. A nossa primeira sobrinha-neta Maria Beatriz, foi batizada com o timão do avô, meu irmão caçula, Sanclair Pedro. Mamãe lavou-o, engomou-o com todo cuidado, pois era uma relíquia, de cambraia de linho, hoje nem existe mais,  não podia dar esta tarefa para ninguém, ela mesma quis executá-la e levou-o para a Igreja, em um cabide, também de quando éramos pequenos. Mamãe estava orgulhosa e feliz no batizado da sua primeira bisneta.

Entendo que a vida é feita desses pequenos detalhes e ricas lembranças.
Olinda, 08 de novembro de 2015.

Obs: Suely Telma Vieira Costa ( Lila Costa)   é Membro da Academia  Escadense de Letras – AELE e da Academia Morenense de Letras e Artes – AMLA.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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