(para Juan )
Posso vê-lo entre verdes entre troncos entre fungos na selva
Posso vê-lo de “sapatos molhados em tardes que não quer parar de chover”
Posso vê-lo na montanha, calado, sentindo o poder da terra
Posso vê-lo através do tempo, espaço, fumaça de carros
Não o vejo, no entanto, vejo
Definitivamente, posso vê-lo
E embora não esteja, eu traço um paralelo
Entre a visão do seu espectro sagrado e belo
E o corpo de carne que o carrega
Posso vê-lo velho
Caneca de café na mão
Em um sítio ermo, pensativo e são
Ou numa casa de terreiro grande
Entre galinhas e velhos troncos de Lianas
Ladeado da amada morena
Posso vê-lo e ainda poderei
Fumando peche na montanha
Corpo rijo, cara vermelha, arrudiado de netos
Pescando em um barco no meio de um rio
E quando não conseguir mais vê-lo
Hei por certo de sabê-lo.