Vilmar Locatelli 1 de novembro de 2015

vlocatelli07

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A sociedade nem mais se indigna com a morte, a nudez, a fome a sede e as doenças daqueles que ela mata lentamente com o abandono e exclusão por estarem fora do mercado de consumo.

Todos dias os mendigos e moradores de rua, os pobres e miseráveis continuam morrendo lentamente quando lhes faltam o pão, as roupas, a saúde, as condições de saúde e segurança e o emprego.

Mas é tudo normal… para muitos o sofrimento de tantos é conseqüência natural de alguma desgraça pessoal. E não percebem que eles representam as conseqüências desastrosas da escolha que nós mesmos fizemos pelo modelo atual de sociedade excludente.

Sim, aí está, ao alcance dos nossos olhos, o lixo humano que o sistema produziu. Somos acostumados a achar que a morte e o sofrimento destas pessoas é algo natural. Os pais dizem para os filhos que é preciso vencer a qualquer custo, se dar bem em todas as circunstâncias, fazer a vontade do patrão, aceitar a exploração no trabalho. Cada um por si e Deus por ninguém…

A televisão engrandece, enaltece e reconhece quem tem mais, anda bem vestido, realiza grandes obras e consome, sobeja e esbanja os recursos naturais ou transformados que Deus criou para todos.

E quem não tem dinheiro para consumir, gastar, usufruir, também não tem valor algum, é visto com desdém, menosprezo, só lhe resta a morte e a esperança de que no céu sua realidade será outra.

O que vemos nas ruas das nossas cidades é fruto da podridão de mundo que estamos construindo. Para reverter este quadro é preciso desde já, exercitar a solidariedade e a partilha, e o cuidado, como diz Leonardo Boff, compreender que a vida humana é o maior de todos os bens.

Em vez da perplexidade o acolhimento, em vez da morte lenta, a mudança de valores, em vez do consumo para a dignidade, a dignidade do ser humano integrado a cor, ao cheiro, substância e à luz da mãe terra, para além do consumo.

O planeta Terra ameaçado de morte pela nossa ganância desenfreada, já começa a tomar uma atitude, se revolta com a espécie humana, a quem acolheu com tanto carinho, e nesta trajetória, vai tornar esta casa inóspita, para nossa espécie, dando lugar a outras criaturas que continuarão a trajetória de GAIA.

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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