
Todos os domingos eles se encontravam às seis horas, na Igreja de São Francisco na Rua do Imperador. Contritos assistiam à missa e depois, quando o sol descia seus raios sobre a cidade, caminhavam pelas margens do Rio Beberibe e parando debaixo dos lampiões.
Alí, no silêncio da noite, cercados pelos os velhos casarões mal assombrados, trocavam beijos e juras de amor. Era um ritual que se repetia todos os domingos, de inverno a verão. Estavam sempre com a mesma roupa. Ela de saia godê rodada e blusa de bolas preta e branca. Ele usava um terno de linho branco diagonal, sem gravata.
Eram figuras estranhas para os poucos passantes. Um dia de muita chuva resolvi ficar de olho no casal misterioso. Depois da missa, segui os seus passos pela Rua do Imperador até ao pequeno cais à beira do rio. Sob a chuva que caia impertinente, a mulher abriu a sombrinha e logo, estavam trocando beijos na boca e as mãos correndo cada uma ao seu bel prazer. Jurei que ficaria ali na espreita até que eles resolvessem ir embora.
Curioso queria segui-los para saber onde moravam. Assim que a chuva parou, a lua surgiu entre as nuvens e eles não deram conta. Estavam enlevados trocando os mais atrevidos carinhos. Com a noite clara e a sombrinha fechada, vi que não cansavam de se tocar. A moça recostada na amurada, deixava que beijos atrevidos roçassem seu colo deixando a blusa aberta para que mãos ansiosas mergulhassem para o interior do corpo. Era o jogo do amor rolando entre eles, sem medos nem pecados.
Antes da meia-noite, o casal novamente encoberto pela neblina caminhou em direção à ponte que levava ao bairro do Recife. indo em direção à Cruz do Patrão. Eu os seguia de longe curioso. Estava pensando em desistir quando algo chamou a minha atenção. Os vultos antes tão nítido foi aos poucos se dissipando nas sombrias névoas noturna.
Continuei e ao me aproximar daquele local cheio de histórias e mistérios, vi que não havia mais ninguém. A lua clareava todo o espaço e não tinha nenhuma casa onde eles pudessem ter entrado. O casal de namorados evaporou-se no ar. Arrepiado, apressei os passos e fui correndo me abrigar no primeiro bar que encontrei. Estava com os pelos em pé. Acho que persegui um par amoroso de fantasmas! Set/2015
Obs: Imagem enviada apela autora.