ZeCarlos2

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Na minha modesta opinião, a maior obrigação que temos neste mundo, é procurarmos pela felicidade. Mas não aquele ditada pela sociedade, como agir e fazer as coisas da maneira certa, obter sucesso a qualquer custo, ter dinheiro aplicado, uma linda casa e um carrão do ano, poder comprar tudo o que tiver vontade, ter um corpo malhado e esbelto e estar feliz e sorridente diariamente. Acho importante reencontrar a nossa porção criança, pois algumas ‘inconsequências sociais’ não farão mal algum. As crianças não estão preocupadas com essas coisas e encontram a alegria em coisas simples. Elas sabem sonhar e brincar de ‘faz de conta’, coisas que muitos de nós já esquecemos há muitos anos.

Prá começo de conversa, não existe uma maneira certa de agir e fazer as coisas. Sempre existem opções e caminhos para atingir os objetivos, dependendo da vontade de cada um. Estabelecer metas pode ser um caminho interessante para a obtenção de resultados, mas nem sempre levará à felicidade. Seria muito melhor agir e fazer as coisas conforme a vontade de cada um, com algum prazer, de preferência.

Obter sucesso a qualquer custo também não significa um atalho para a felicidade, pois nem sempre a pessoa de sucesso é uma pessoa de bem com a vida e consigo própria. Para sentir-se realmente bem é importante correr atrás dos sonhos, que nem sempre levam ao sucesso profissional e pessoal. Uma pessoa ‘comum’, por exemplo, um pai de família assalariado que curte estar em casa, com a esposa e os filhos, sair para um passeio com a família, ou simplesmente sair pa   ra tomar um sorvete, pode sentir-se muito mais feliz do que outro assoberbado de trabalho e de preocupações para manter sua posição tão duramente conquistada.

Dinheiro aplicado não chega a ser mau, mas não é fundamental, assim como uma linda casa e o carrão do ano. Muitas vezes, para obter essas coisas, a pessoa trabalha além do necessário, economiza durante boa parte de sua vida e acaba se tornando uma espécie de vítima de suas conquistas, pois não consegue usufruí-las totalmente. Quando percebe, os melhores anos de sua vida foram ‘gastos’ trabalhando, economizando e planejando o futuro. Será que estaremos vivos nesse futuro?

Comprar tudo o que tem vontade pode significar uma escravidão da moda e da sociedade de consumo. Quantas coisas inúteis são compradas por impulso, ou por belas propagandas? Quantas roupas acabam jogadas no fundo de um armário, muitas vezes sem terem sido usadas uma única vez? E peças inúteis para a casa? Alguns passam-nas para a frente, como presentes de mau gosto; outros, acabam guardando-as e esquecendo que existem, atulhando seus armários com inutilidades. Muitas vezes, a facilidade para comprar o que se quer, acaba com o prazer que se tem quando é preciso esperar e planejar a compra de um objeto muito desejado. Isso nada mais é do que consumismo. E o consumismo também não leva à felicidade.

Para ter um corpo esbelto e malhado, na grande maioria dos casos, é necessária uma enorme dose de boa vontade e a renúncia às boas coisas da vida, como doces, chocolates, um bom vinho, pizzas, massas e muitas outras coisas. É viver de saladas pouco temperadas e uma carninha, de preferência branca, grelhada. Além da academia, claro! Alguém, em sã consciência pode dizer que é delicioso passar horas numa academia levantando pesos, fazendo abdominais, suando em bicas e ainda aguentar a dor no corpo durante a noite? Isso acaba virando um vício. Apenas isso.

E depois de tudo isso, como conseguir estar feliz e sorridente diariamente? O sujeito se mata de trabalhar, perde horas no trânsito caótico das cidades, sujeito a todo tipo de violência. Come mal, mal conversa com a esposa, e, se vê os filhos, é em algum momento nos finais de semana, por acaso. Gasta horas planejando suas aplicações, consultando os resultados das bolsas de valores, lendo três ou quatro jornais e mal tem tempo de notar as modificações que a esposa fez na decoração da casa. Quando poderá curtir a própria casa? Para não me acusarem de machista, lembro que, atualmente, a maioria das mulheres também trabalha e tem obrigações parecidas às do marido, assim, com ela também acontece o mesmo que com ele. Acrescentando-se a ‘obrigação implícita’ de orientar os empregados que cuidam da casa, da alimentação familiar e da vida dos filhos. O casal não tem tempo para uma conversa informal, um passeio comum, um cineminha ou um teatro. A menos, claro, que seja uma peça da moda e que todos os ‘amigos’ estarão lá. Vivem apressados e estressados, mas não felizes. Como poderão estar felizes e sorridentes diariamente?

Somente aquele sorriso ‘social’ mesmo! E olha lá!

 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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