Edilberto 2015 blog

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Já foi dito que a Amazônia hoje é o almoxarifado dos mercados brasileiro e internacional. Isto porque nesta região tem de tudo que o mercado precisa para crescer a economia nacional e satisfazer a fome de matérias primas dos países ricos: madeiras, rios, florestas, terras para agricultura e minérios. Na Amazônia está concentrada a maior bacia mineral do planeta: ouro, bauxita, ferro, cassiterita, manganês, nióbio, calcário, urânio, fosfato, cobre, entre outros minérios preciosos estão presentes na região. Toda essa riqueza não serve para o desenvolvimento dos povos tradicionais da Amazônia.

Um caso exemplar desse extrativismo predador, é a exploração do ouro na bacia do rio Tapajós, Estado do Pará. Embora esta região seja uma das grandes bacias auríferas do país, com previsão de extração de 120 toneladas em 2015, segundo Ministério de Minas e Energia, o Estado do Pará não recebe o imposto de exportação, por ser produto primário, que a lei Kandir federal protege. Daí a educação e a saúde no Estado exportador de ouro e tantos minérios é de péssima qualidade. O desenvolvimento humanos dos 8 milhões de habitantes do Estado não existe, quando 48% dos trabalhadores de carteira assinada recebem um salário mínimo, de 788,00 reais.

Em pesquisa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, IBASE, o Brasil está investindo em um modelo de desenvolvimento insustentável, dos pontos de vista econômico e socioambiental. Segundo o IBASE a participação da indústria de mineração chegou em 2011 a 4,1% do Produto Interno Bruto do país. Significou a exportação de US$ 50 bilhões de dólares. Mais de 90% dessa produção foi para o mercado internacional. Assim, a exploração de tantos minérios hoje garante 43% das exportações brasileiras ao mercado internacional. Esses números podem impressionar quem analisa um país apenas pelo valor de mercado. Mas para quem leva em conta os impactos socioambientais nas regiões de exploração, entende que não adianta o crescimento da economia nacional, quando isto é feito com os estragos às populações tradicionais e ao cuidado com a mãe natureza.

O Brasil se considera a sétima economia mais próspera do planeta, realizando este sucesso com a destruição da Amazônia, seus povos, florestas, solo e subsolo. Esse progresso agroextrativista pode servir para o momento da economia capitalista, mas as consequências são irreversíveis, tanto para as gerações de hoje, como mais grave para as futuras gerações e o equilíbrio do planeta. Por tabela, o que está ocorrendo na Amazônia brasileira é um espelho do que está ocorrendo em toda a América do sul, resultado do perverso plano IIRSA (Interligação inter-regional sul americana), criado pelo Banco Interamericano de desenvolvimento Americano, BID com aprovação dos presidentes sul americanos em 2.000, seguido fielmente até hoje, pelos sucessores. Como nós brasileiros de consciência podemos nos calar diante desse saque irresponsável? Apenas lamentar?

Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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