(wacmoura@nlink.com.br)

“no exílio das palavras no rio imerso
confessa a face esquerda o que a direita tece”
José Félix

exilo-me das palavras
nada digo ou direi, fico calado
abraço-me ao silêncio, esta pátria.

palavras são traidoras, volúveis, voláteis
pronunciá-las é dançar um baile efêmero
escrevê-las é criar um aviário.

olá! palavras, não voem!

é inútil…
só o silêncio é permanente
só o silêncio é absoluto

mas só o silêncio é gélido, insuportavelmente
a palavra mais fria tem mais calor que o silêncio.

experimenta nomear: árvore! sol!
percebes a diferença?
as coisas vivem em seus nomes,
na língua e nos dentes fazem-se gêneses.

desce às palavras vis: estrume! verme!
sentes o germe da resposta?
notas a ebulição do gesto que reage,
a explosão da boca que replica?

exilado da palavra, de que me vale o silêncio?
sou mortal como as línguas.

Obs: Texto retirado do livro do autor – É Lenta a Palavra Tempo –

 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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