Edilberto 2015 blog

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O tempo não para, a vida avança. Os seres humanos, ou fazem a história, ou sofrem as consequências de projetos dos que só pensam em lucros, mesmo destruindo a natureza. Assim aqui na região Oeste do Pará, nesta semana que passou, houve sinais de vida em alguns movimentos populares. Toda resistência organizada a qualquer tipo de ação, ou projeto destruidor, é sinal de vida.

Lá na comunidade do Tabocal, 25 quilômetros de Santarém, houve um grito de resistência dos moradores, por causa do tráfego de centenas de carretas de soja e milho, além de outros veículos, pela rodovia br. 163, que passa por dentro da vila. O bloqueio da rodovia foi um aviso às autoridades, que devem cuidar primeiro dos seres humanos e depois do tráfego de veículos. Os moradores da vila de Tabocal deram um exemplo aos moradores da cidade de Santarém, por onde trafegam centenas de carretas de soja e milho, além de outros veículos. Naquele perímetro com sete bairros, não há preocupação das autoridades com a proteção das vidas humanas. Entre o pé da serra de Piquiatuba e o porto da multinacional Cargill, em seis quilômetros de tráfego, há apenas quatro sinais luminosos, um sinal pintado para respeito ao pedestre e um sinal pardal nos últimos 3 quilômetros antes do porto. Os moradores da vila Tabocal dão um exemplo para moradores dos bairros de Ipanema, Cambuquira, Matinha e Esperança, que até iniciaram uma resistência, mas não perseveraram. Será que vão esperar até que outras mortes aconteçam por acidente?

Mas outro fato chamou a atenção nesta semana. Nas últimas semanas tem havido uma intensa propaganda do governo do Estado do Pará nas emissoras da região. Com sugestivo título de, Prestando Contas, o governador Simão Jatene fala ao povo paraense, como ele enfatiza, sobre as obras de seu governo. Num programa de cinco minutos de segunda a sexta feira, ele anuncia o que faz pelo Pará. No entanto, Estado do Pará para o sr. Jatene inclui, Belém, Igarapé Miri, Castanhal, Marajó e redondezas. Ao inaugurar uma avenida dentro da cidade de Belém, ele enfatiza que agora o povo do Pará tem outra via de acesso à cidade com 10 ou 15 quilômetros asfaltada, iluminada e mais detalhes. “O povo do Pará”. No programa prestando contas, é visível o desprezo do governador pelo Oeste do Estado e por Santarém em especial. Aqui na região ele mandou inaugurar uma ponte no rio Curuá, mas o resto da estrada que liga desde o município de Prainha, passa pelo município de Curuá, até Faro, está quase intrafegável, no verão são buracos e poeira; no inverno, lama e lagoas da chuva. Em Santarém, as obras iniciadas em seu governo ainda no primeiro mandato, estão paradas ou inacabadas. Quadra poli esportiva, escola técnica, estádio do Tapajós, obras da Cosanpa, entre outras.

Qual será o motivo desse ignorar metade do Estado do Pará? Terá sido por causa do plebiscito de emancipação que ele lutou pessoalmente contra? Terá sido por que foi pouco votado na última eleição? E como será o comportamento dele e de seus correligionários no próximo ano, durante a campanha por votos a vereadores e prefeitos? Como seus amigos candidatos vão pedir votos aos eleitores dos 15 municípios do Oeste do Pará? E como os e as eleitoras vão responder aos amigos do governador do Parazinho? Quem viver até lá poderá prestar atenção.

O que se percebe de fato é que hoje só os movimentos populares organizados tem capacidade de resistir e mudar a realidade dura para com os povos da região. Sem pressão não há solução.

Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.

Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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