Djanira Silva 15 de setembro de 2015

djanira começos

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Sentada em frente ao computador começa a arenga. As letras que tanto me ensinaram agora estão mudas. Elas violentaram minha infância. Lembro do quanto me fizeram chorar até se tornaram minhas conhecidas. Nunca consegui penetrar a verdadeira essência da escrita com suas pontuações, espaços, muitos e variados sinais. Tropeço na sinalização dos começos.
Se minha vida começou num tumulto, na corrida pela vida e pelo desconhecido, por que haveria de viver calma e tranquilamente? A vida inteira assim, o desconhecido sinalizando, a concorrência impulsionando e a desinformação colocando pedras no caminho. No meu não havia apenas uma pedra. Quantos monumentos, quantos cascalhos miúdos, dissolvidos, areia movediça que me segurava os pés nos abismos do inconsciente. E, foi, assim, que resolvi pensar. E enquanto eu pensava que pensava, compreendi que bom seria nunca ter aprendido, nunca ter visto a vida pelas lentes que eu julgava da sabedoria. Hoje sei que a sabedoria está na ignorância. Saber demais só faz sofrer. Vejo os pássaros que ao pressentirem mudanças perigosas do tempo, buscam abrigo, guiados apenas pelos instintos. Os instintos do homem são perversos. Na verdade nunca aprenderam nada. Estudam, constroem e destroem. Aprendem belas palavras para com elas enganarem seus semelhantes. O ser humano tem medo dele mesmo. Falta-lhe simplicidade para entender o simples. Para apreciar a rosa por ser simplesmente uma flor.
Não sei, meu Deus, o que foi que eu fiz para receber o castigo de ter nascido gente.

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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