Quando a economia não vai bem, todos se preocupam. Com razão. Pois sem ela a vida vai mal.
Nesse final de semana a tradição popular celebra duas categorias muito importantes da sociedade, os motoristas e os agricultores. Faz parte dos objetivos desta dupla celebração a auto afirmação, tanto dos motoristas, que invocam a proteção de São Cristóvão, como dos agricultores autônomos, cuja história de lutas está muito ligada aos migrantes, sobretudo europeus, que vieram em grandes levas a partir do final do século 19, mas também ao longo do século 20.
O dia 25 de julho se reporta à chegada no Brasil dos primeiros migrantes austríacos e alemães, em 1824. Dom Pedro Segundo, que tinha laços de parentesco com a família real austríaca, incentivou a vinda desses migrantes, que trouxeram consigo a disposição inata para o trabalho, sobretudo rural.
Cinquenta anos depois, foi a vez dos camponeses italianos iniciarem sua saga migratória para “a América”. Era assim que identificavam o novo destino de suas vidas. Naquela época, no ideário do povo, o Brasil ainda não contava. Era a “América” que esquentava as fantasias dos migrantes que se aventuravam para o Novo Mundo, na esperança de fugir da grave crise social provocada pela revolução industrial, acontecida no auge do liberalismo econômico.
Entre as muitas ponderações que a complexa realidade da “ordem econômica” levanta, emerge com evidência a interação do poder público com a iniciativa particular.
A economia tem suas leis, que demandam o seu adequado espaço de realização. Ao mesmo tempo, salta aos olhos que a economia encontra sua razão de ser no bem comum, a cujos objetivos ela precisa estar sujeita.
A economia, com sua dinâmica específica, não pode se eximir de sua inserção social. Ela precisa ser conduzida por leis que a direcionam para a sua verdadeira finalidade.
Por isto, a economia está sujeita à política. E a política precisa se guiar pela ética.
Tem sentido a “macroeconomia”, que procura definir os grandes projetos, dentro dos quais a atividade econômica pode se realizar, contribuindo assim para o bem comum da sociedade.
Mas, à semelhança dos servidores públicos, que são tão importantes para a boa administração política, hoje dá para destacar a importância dos pequenos agentes econômicos, que exercem com dedicação e competência o seu trabalho profissional.
Neste final de semana, eles estão bem representados nos “motoristas e agricultores”.
É a certeza de contar com a laboriosidade destes “protagonistas da economia”, que se reacendem as esperanças de que a economia brasileira retome seu dinamismo, e possamos superar a crise em que o país vai mergulhando. O exemplo da dedicação dos motoristas, e do dinamismo dos agricultores, deve servir de estímulo para toda a sociedade. Para que não aconteça que a situação se agrave ainda mais por veleidades políticas. Neste momento é importante que cada um procure fazer o que está ao seu alcance para contribuir para o bem de todos, em especial dos socialmente mais fragilizados.
Na sua intervenção na Assembleia da CNBB, Rubens Ricupero afirmou com muita clareza que a moralidade de um país é medida pela atenção prioritária que ele consegue dar aos pobres.