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DEDICATÓRIA
Ao nosso irmão
Dom Pedro,
querido e venerável
“archegón” (“cabeça de fila”: Hb 12, 2)
da romaria
multidão em procissão
de confessores e confessoras
da fé, testemunhas (“mártyres”)
que sentem
na carne
seu sangue recolhido
gota a gota
no Cálice da Ceia
cada dia
na penosa solidariedade
com todo sangue
derramado
nesta nossa sofrida Afroameríndia
em África, ferida em carne viva,
nos extremos de Ásia/Oceania
— tão longe e tão perto –
e nas periferias do mundo rico
tão outro e
tão parecido conosco.
QUASE-POEMA
Na terra vermelha
nossos passos
a pisar descalços
o encarnado
do mistério
do sangue
de aborígenes (da aldeia)
de quilombolas (do terreiro)
de posseiros (de tão pouco)
de homens e mulheres
do trabalho escravizado
crucificado
de mártires entregues
na aventura
da loucura
da lucidez
do amor.
Sangue todo
derramado
espalhado
na terra toda
tal qual da Cruz.
Sangue
gota a gota
que enche e
transborda
o Cálice da Ceia
a cada dia.
Sangue de gente
a escorrer
sangue da terra
a brotar
martírio de séculos,
luminoso o céu sem nuvens
a mostrar
a “verdade”
da “Missa sobre o Mundo”
vigília-prenúncio da
“Missa da Terra sem Males”.
Porto Alegre do Norte
11 de Julho de 2015
Bispo Emérito da Diocese Anglicana do Recife
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB
Obs: Imagem enviada pelo autor.