Estamos em pleno verão. Numa cidade como Paris muita coisas podem acontecer. Por isso aceitei o convite de um amigo para uma passeio de barco pelo Sena. E por sorte hoje, quando a lua está mais redonda do que o normal, pois é considerada a mais bela do século. Com um bom vinho rouge e alguns maravilhosos queijos vamos singrando as águas mansas do rio.
Será uma noite inesquecível, pois aqui os sonhos vão acontecendo de acordo com a imaginação. Abro os olhos e à minha frente está uma senhora chamada Josephine Bonaparte, nascida na Martinica e mulher de Napoleão. Outras figuras notáveis foram passando nas embarcações e lenços e leques eram acenados como cumprimento. Os cavalheiros vestidos a caráter deixavam no ar uma nostalgia da metade do século.
Enquanto isso as mulheres exalavam um perfume doce de pecado mostrando através das fendas das saias, a brancura das pernas, cobertas por meias finas e bordadas. Sapatos altos, tudo muito sexy. Melindrosas, com longas cigarretes, cabelos platinados, dançavam o “charleston” enquanto alguns mais arrojados bebiam e cheiravam ópio.
Para uma mulher desta nova Era, tudo me parecia estranho e fantasmagórico quando uma nuvem de fumaça me envolveu e um cavalheiro grisalho, de porte alto, usando preto se aproximou e tomou a minha mão me levando para o convés. Lá olhando para o céu vi a lua feiticeira sorrindo para mim e, enquanto piscava seus olhos azuis dizia: sacode essa imaginação e abraça o momento, que é a única coisa que vale nesta vida. Recife/Julho/2015.
Obs: Imagens enviadas pela autora.