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O Papa Francisco é hoje praticamente a única autoridade mundial respeitada, não por ter bombas atômicas, nem por controlar o Banco mundial, a economia capitalista, mas por ter uma identidade moral para buscar justiça social global, respeito às pessoas, aos povos e à mãe natureza, além de coragem de denunciar o atual sistema de vida que acumula bens destruindo a vida do planeta.
Depois de amanhã, será publicada a segunda carta encíclica do Papa Francisco, com o título – Louvado seja. Como nenhuma outra encíclica de um Papa anterior esta é esperada com inquietude e alegria, por católicos e não católicos, por políticos e defensores do ambiente. Os motivos de tantas expectativas, umas contrárias as outras é que o assunto da carta papal toca em questões tão sérias e sensíveis, como o presente e o futuro do clima e do planeta terra. Os que usufruem das riquezas da natureza destruindo-a, não admitem que um líder religioso se meta a fazer interferências em matérias de ambiente, de economia destruidora da natureza.
Uma autoridade da Organização das Nações Unidas, afirma que a encíclica do Papa Francisco causará grande impacto, por falar da obrigação MORAL de proteger o planeta, pensando nas gerações futuras. Um militante em defesa da Amazônia, questionado por correspondente de uma revista europeia, sobre os possíveis impactos da encíclica papal sobre a sociedade brasileira, país com maior população católica do mundo e maior floresta tropical do planeta, o militante explicou que, o episcopado brasileiro certamente se legrará com a encíclica porque vem confirmar a opção profética dos bispos da Amazônia, que já em 2012 assumiram em documento a missão profética de defesa da Amazônia e seus povos. No entanto, a maioria da população que vive a pobreza, terá pouca possibilidade de estudar e compreender o conteúdo da carta papal.
Já o governo brasileiro, certamente fará elogios ao Papa e à encíclica, porém nada mudará em seu programa de aceleração do crescimento econômico, que vai em linha contrária ao apelo moral do Papa Francisco. Enquanto a encíclica reivindica uma forma de vida mais justa em relação ao convívio com a natureza, o PAC do governo brasileiro se baseia justamente em explorar a floresta, o subsolo, os rios, para extrair madeira, agronegócio de soja e gado, minerais e hidroelétricas. O governo brasileiro prefere destruir a natureza e os povos tradicionais para garantir o crescimento econômico do país. Por isso, a tão esperada encíclica pouco efeito terá na maior nação católica do planeta.
Obs: Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhâ? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu