Quem dos enamorados, não trancou ou teve vontade de fazer o coração num cadeado para que o amor nunca acabasse? Só numa cidade onde o amor é livre e solto podemos apreciar esses inusitados fatos. Eis que a Prefeitura de Paris, depois de muitos e muitos anos resolve remover da Ponte das Artes os famosos cadeados do amor. Alegam que o seu peso poderiam fazê-la desabar. E se acontecesse, será que os amores também acabariam?
Não sei quando começou o costume, mas deve vir de muito tempo. Os casais enamorados, ao passarem na famosa Ponte faziam juras de amor infinito e prendiam um cadeado, jogando a chave dentro do rio. Foram tantos que um dia, a velha ponte ficou ameaçada de desabar com o peso dos pequenos prendedores de corações.
E os amores, quantos sobrevivem até hoje? Quem não terá jogado novas chaves e repetido as juras, tão comuns quando se está apaixonado? Alguém teria a coragem de mergulhar nas águas frias do Sena para ir em busca da chave do coração?
Quantos sonhos estão agora transformados em substância dura e fria, jogados em um lugar qualquer dos porões da prefeitura. Que tal se os franceses tão cultuadores do amor erguessem um monumento e o colocasse na velha ponte. Assim, os sonhos de milhares de pessoas, jovens e velhas, seriam lembrados pelos passantes que tanto amam e admiram essa linda e doce Paris.
O amor é assim misterioso e surpreendente. Agora, o que acontecerá com os apaixonados? Irão respescá-las? Amarrarão o amor noutros locais? Quando se fala de amor tudo é possível acontecer, até mesmo a crença de que preso em cadeados, assim permanecerá para sempre.
As chaves com as suas histórias e promessas continuarão adormecidas no leito do rio onde águas correntes farão, como na vida, o amor e vir, começar e acabar. Felizardos são àqueles que permanecerão até o final dos tempos. Junho 2015
Obs: Imagem enviada pela autora.