Padre Beto 1 de junho de 2015

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Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) são casadas e dividem um harmonioso lar na Califórnia com seus filhos adolescentes Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson). Antes de Joni entrar para a Universidade, Laser pede ajuda para encontrar o pai biológico deles, já que os dois jovens foram concebidos por inseminação artificial. Ela, indo contra a vontade de suas mães, entra em contato com o pai (Mark Ruffalo). Os jovens logo se identificam e criam laços com ele. À medida que o pai começa a fazer parte da vida de todos, um novo e inesperado capítulo se inicia para esta família inusitada e nada convencional. “Minhas Mães e Meu Pai” de Lisa Cholodenko apresenta as relações de um tipo de família que começa a se tornar cada vez mais comum: a “família mosaico”. Seja por um divórcio, viuvez ou por uma união igualitária como a do filme, a família mosaico é aquela que vai agregando cada vez mais novos membros que não possuíam identidade familiar, mas que, por vários motivos, vão se tornando parte da família e construindo relações afetivas. A família mosaico talvez seja um caminho de união afetiva que fará com que o ser humano cada vez mais se compreenda como parte de uma grande e única família que é a humanidade. A família tradicional nos leva a acreditar que devemos nos comprometer com nosso núcleo familiar, que o nosso grupo consanguíneo é a nossa raiz, o nosso berço e o resto é simplesmente o resto. A família mosaico vai tornando os laços familiares cada vez mais abrangentes. Se um casal se divorcia os ex-cônjuges continuarão tendo um vínculo familiar, principalmente se tiverem filhos em comum. Vamos supor que depois do rompimento desta união duas outras uniões sujam. Aqui teremos dois novos adultos participando do vínculo familiar: a mulher do ex-marido e o homem da sua ex-mulher. Os filhos também construirão vínculos familiares com estes novos membros da família, ou seja, com a nova esposa de seu pai e o novo esposo de sua mãe. Se, por acaso, estes novos membros vierem de outra união continuarão vinculados aos seus ex-cônjuges e trarão para a nova família seus filhos que serão os novos irmãos dos filhos da primeira união. Enfim, a família mosaico vai abrangendo cada vez mais membros e não mais se limitando à consanguinidade. O interessante nessas uniões é a quebra de um individualismo que a família tradicional constrói. A família tradicional nos mantém em um âmbito individual, pois a família é sangue e, portanto, seus laços pertencem ao indivíduo. Aqui a pertença a uma família é algo que independe de nossa vontade. Este é o grande problema de muitos filhos adotivos em famílias tradicionais. Eles nunca se sentem realmente parte da família. Já as famílias mosaico nos ensinam que os laços familiares se constroem independentemente das relações de sangue, o que deveria acontecer com a própria humanidade. Independentemente das diferenças de raças, línguas, nacionalidades, culturas ou condições econômicas somos todos seres humanos e, portanto, capazes de construir entre nós laços de afetividade e de cuidado uns para com os outros. A busca de uma convivência mais humana entre todos nós é o caminho de uma sociedade que exija para todos as mesmas possibilidades de educação, de tratamento das doenças, de cuidado com a saúde, de condições de moradia e de liberdade de expressão. Afinal, o nosso lar é o mundo e nossa família é a humanidade.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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