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………………Para que falar se ninguém me escuta? Sozinha pensaria melhor e mais devagar. Era na sua voz, sim era nela que havia algo desagradável. Bastava falar, sentia a repulsa.
Vivia triste. Há tempo estava assim. Via a figura da mãe se esvaindo, se apagando, desaparecendo como se o mundo morresse nos estertores das frias tardes de inverno. Ela também morria. Morria. Simplesmente morria e ninguém podia fazer nada. Tivera mais trabalho e sofrimento para morrer, digna, simples, silenciosa, sem recordações, sem despedida. Morrer é tão simples, basta não ser ouvida.
A tristeza amassava sua alma e refletia no rosto o desgaste da solidão. Lembrou da partida do companheiro. Uma noite, sem ao menos dizer já vou, ele se foi. Apenas isso e nada mais. E se foi sem dar trabalho, apenas fechou os olhos deixando-a na espera do impossível.
De olhos abertos, encara a morte. Não consegue conquistá-la. Ainda não é tempo de fechar os olhos.
Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega –