jacinta outono

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Tantas palavras engolidas retinha o ar que, apreensivo desaprendia sua natureza de liberdade – seu direito de ir e vir – e sua missão de abrir os caminhos para a realização e crescimento daquele ser que em plena construção, torna-se frágil na criança/adolescente que se curvava ao império do silêncio.

Revivendo vidas tantas vezes vividas, vejo agora a urgência de revisão no sentido do que outrora obstruía minhas forças. Refletindo o já vivido, vejo o contraste à estação, no exagero de luz que se evidencia no espaço sagrado aonde sobressai a necessidade por falar, falar, falar, todos ao mesmo tempo, numa ação frenética que se propõe acumular informações diversas.

Tudo é preciso ser dito e o tudo vira um zumbido. É preciso comentar todos os acontecimentos do dia…da semana…do mês…e para isso só tem alguns minutinhos, os minutos que antecedem ao início do ritual. O medo de se encarar confunde silêncio e escuridão.

E a luz, ah luz excessiva! Também ela instiga a falação e o que sinto é ansiedade por todos os lados. E é com aflição que surge outra “luz” para abrandar o ambiente. Impõe-se, então, a repetição de um dito que nivela a voz, ignorando a oportunidade do escutar-se, com o poder de conceder às células o refrigério e o abraço com o sentimento de paz.

Abstraindo-me, faço-me vento e me espalho na mistura de cores, em tons castanho/ dourado que se apresentam com promessas de renovação e (re) equilíbrio. E, retornando à estação, vejo cheiro de folhas secas em redes tricotadas e entrecortadas pela luz suave do bronzeado adquirido. Agora sim: apesar do barulho, escuto o silêncio… respiro, vejo o silêncio, respiro…respiro… Respiro outono.

Sábia é a natureza: no intervalo entre o verão e o inverno, oferece-se em transição.

Obs: Imagem enviada pela autora (retirada da internet)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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