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Caro Sr. Humpstki,
Mariana estava sentada à janela de seu quarto. Destravou-a, dando passagem à calma ventania e observou a vista que há tanto lhe favorecia.
O balanço, enferrujado, destacava-se em meio ao jardim… Foi quando Ana percebeu que até mesmo o vento se sentia atraído pelo impulso.
Segundo Mariana, ele se permitia agitar às terças-feiras.
Uma garotinha dos cabelos escuros, amarrados a uma fita branca, se aproximou e segurou o balanço. Impediu a vez de quem já o ocupava.
Ela pediu para que o senhor Humpstki a balançasse e, então, depositou o coelho lilás no chão, pouco atrás do balanço.
Tomou impulso…
Balançava-se sorrindo…
Mariana a observava até que a garotinha fora desconstruindo-se em meio às suas memórias espalhadas.
Ela abraçava o Sr. Humpstki.
Sufocava-o.
Tem dias em que Ana organiza suas lembranças ao entrelaçar, subitamente, suas mãos no Sr. Humpstki. O coitado já não aguenta mais, um de seus olhos estão caídos e sua perna esquerda havia sido descosturada.
Pobre Sr. Humpstki,
Obs: Autora do livro “23 horas e 03 minutos” – Editora Confraria do Vento.