Neste ano, a Semana Santa foi, para mim, uma profunda e gratificante experiência de fé e espiritualidade em preparação para a Páscoa do Senhor, motivo pelo qual aproveitei a reunião semanal de liturgia de minha paróquia, em Recite, para partilhar aquela maravilhosa vivência pascal.
Aceitei o convite do padre Creômenes Tenório Maciel, liturgista, para a missão de ajudá-lo nos ensaios dos cantos para as celebrações pascais com a comunidade que ele preside na igreja de Santo Antônio da Barra, em Salvador(BA). Padre Creômenes é amigo de várias jornadas de liturgia, através de cursos de liturgia, ministrados por ele na Universidade Católica de Pernambuco, bem como na Paróquia de Casa Forte, em Recife, e também nos encontros da Rede Celebra de Animação Litúrgica.
Assim, partilhei com o grupo as belas celebrações presididas pelo padre Creômenes, através da liturgia cuidadosamente preparada, com “nobre simplicidade”, conforme recomenda a Sacrosanctum Concilium. Lembrei os momentos fortes de cada uma e do que me tocou mais profundamente durante aquelas celebrações dos mistérios de Jesus Cristo. Dentre aqueles momentos, destaquei o rito do Lava-pés, na celebração da Ceia do Senhor, realizado com homens e mulheres simples de uma das comunidades assistidas pelo padre Creômenes, que participaram daquele rito com muita humildade e contrição, acompanhado com o canto ritual próprio, “Jesus ergueu-se da ceia”, cuja melodia inculturada ressalta o sentido e a espiritualidade daquele momento. E aqueles fiéis demonstraram o sentimento da presença de Jesus lavando-lhes os pés. Tudo muito simples e autêntico.
Outro momento marcante de profunda beleza e piedade foi o Evangelho da Paixão, na Sexta-feira Santa, solenemente proclamado em forma de poesia cantada através do Canto da Paixão e Morte do Senhor, sob a bela melodia inculturada por Reginaldo Veloso e entoado, alternadamente, pelo padre Creômenes, por uma paroquiana e por mim, cabendo à assembleia responder com o refrão: “Oh vós. oh vós, vós que por aqui passais…”. Todos cantaram atentamente e com muita unção aquele santo Evangelho. Foi emocionante, – principalmente – pela atenção e participação da assembléia.
Relembrei os momentos rituais de singular beleza da Vigília Pascal, como o Exultet, cantado pelo padre Creômenes, com as respostas entoadas em coro por toda a assembléia, seguindo-se a Liturgia da Palavra, com todas as sete leituras e sete salmos. Destaco, como momentos especiais, as inspiradas homilias proferidas pelo padre Creômenes durante as celebrações e, em especial, na Vigília e no Domingo de Páscoa, em que exortou sobre a necessidade de levarmos a Palavra de Deus às comunidades carentes e sobre a nossa responsabilidade, como batizados, de sermos também, evangelizadores.
O Domingo da Páscoa também foi glorioso, com a igreja completamente cheia, marcada pela alegria dos cantos e a participação dos fiés. Após a missa, houve um lauto café da manhã, patrocinado pelos membros do Apostolado da Oração para todos os participantes da missa.
Por fim, não poderia deixar de mencionar, ainda, que a igreja de Santo Antônio da Barra, durante toda a Semana Santa, permaneceu a maior parte do tempo aberta à oração dos fiéis e às confissões, solicitadas por muitas pessoas. Acima de tudo, ressaltei a minha grande admiração pelo fato de o Pe. Creômenes, junto com os outros três padres integrantes daquela comunidade, exercitarem a prática da comunhão eucarística sob as duas espécies para todos os fiéis e em todas as missas, conforme recomenda a Sacrosanctum Concilium. Para mim, foi um gratificante retiro espiritual que ficará marcado em minha memória.
A autora é membro da Rede Celebra de Animação Litúrgica e Agente da Pastoral da Música e do Canto Litúrgico.
Obs: Imagem enviada pela autora.