Emanuela Cristo  Quaresma

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Parte I – INTRODUÇÃO

              Vivemos a Quaresma, este retiro de quarenta dias do Povo de Deus, tendo em vista a Páscoa: a festa central do cristianismo, o ponto alto do ano litúrgico cuja expressão máxima é a Vigília Pascal. “Esta é a boa notícia que queremos lhe dar: a Quaresma nasceu para ser um ensaio geral da festa, ou melhor, da celebração pascal, que a cada ano o povo de Deus tem a alegria de retomar” [1].

            Quaresma é tempo de acolher em nossa própria vida o dom divino da reconciliação: “Reconciliai-vos com Deus! Em nome de Cristo rogamos: que não recebais em vão sua graça, seu perdão; eis o tempo favorável, o dia da salvação”!

            Quaresma é um tempo no qual procuramos fazer tudo melhor que em qualquer outra época. Quaresma é tempo de deixar tudo o que é velho em nós; tempo de nos abrir à Vida sempre nova, que brota da Cruz. Tempo de dirigir-nos com Jesus ao deserto. Tempo de refazermos, com o povo de Deus, os quarenta anos de travessia do deserto. Tempo de escutarmos a pregação de quarenta dias de Jonas, em Nínive…

            Quaresma não é tempo triste. São Bento entendeu a Quaresma como um caminho para a celebração da grande festa da Páscoa: ao falar da observância quaresmal, estimula os monges a oferecerem a Deus orações especiais e abstinência de comida e bebida de espontânea vontade, com a alegria do Espírito Santo. E repete: “e, na alegria do desejo espiritual, espere a Santa Páscoa”. [2]

            Neste tempo forte da vida da Igreja, tempo de preparação no qual já começamos a celebrar o Mistério Pascal, ajudam-nos três práticas significativas, conhecidas no Primeiro Testamento: a oração, a esmola e o jejum.

            Na virtude da fé, voltamo-nos diretamente para Deus: é a oração que abre em nós o espaço que Deus irá ocupar e onde vai agir. Pela oração, realiza-se em nós uma conversão; situamo-nos em nosso lugar de criaturas. Intensificamos a escuta da Palavra de Deus na Escritura e na vida.

            Na virtude da esperança, já participamos do Bem Supremo, que é Deus. Os bens deste mundo não nos escravizam. O jejum é capacidade de autodomínio. É tomar uma atitude de respeito e de liberdade diante das coisas, vencendo o mal e solidarizando-nos com as pessoas que sofrem privação. O jejum do corpo só nos ajudará a nos tornarmos mais atentos e livres se estiver associado a um jejum do espírito. Jejum é uma espécie de faxina. O que poderíamos eliminar de nossas atividades diárias? Como poderíamos livrar-nos da agitação de nosso dia-a-dia? De que poderíamos nos privar? A que renunciar? Sim, na verdade, há vários tipos de jejum.

            Na virtude da caridade, somos chamados a viver como irmãos. A fraternidade celebra a nossa capacidade de nos doar, de partilhar generosamente com os irmãos e irmãs os nossos bens. Há muitas maneiras de ser dom, de adotar gestos solidários.

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[1] BARROS Marcelo; CARPANEDO, Penha. Tempo para amar; Mística para viver o Ano Litúrgico. Paulus: São Paulo, 1997, p.51.
[2] Cf. Regra Beneditina 49, 5-7.

Obs: a) publicado pela CNBB nacional.
b) Com autorização da autora, alguns subtítulos foram alterados para a postagem.
c) imagem enviada pela autora (retirada da internet)

 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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