A Presidente Dilma lançou na quarta-feira desta semana, dia 18 de março de 2015, um “pacote anticorrupção”. Com ele, pretende agilizar o combate contra a droga mais perversa que se instalou, tanto na esfera governamental, como na agenda cotidiana dos relacionamentos sociais e econômicos. A praga da corrupção.
Perguntei a um taxista, logo após a assinatura dos projetos, se ele acreditava que agora a corrupção seria mesmo combatida, ele apontou para o céu, e falou: “em questão de justiça eu só acredito na justiça de Deus, nesta que estão querendo fazer aí, não acredito, não!”
Este é o sentimento do povo. Existe uma carga muito grande de pessimismo, que só será desfeita por ações efetivas, que impliquem prisão dos condenados, e devolução do roubo.
Anda persiste a ideia de que rico não vai para a cadeia, e só roubo de pobre é castigado.
Será mesmo impossível enfrentar este problema?
Para que o atual governo recupere sua credibilidade no combate à corrupção, é indispensável agora, em todo o caso, uma ação bem articulada entre os Três Poderes, sempre ressalvando o direito de defesa dos acusados, e que conte com o respaldo especial do Executivo.
Mesmo precavidos diante de uma tradição de tolerância para com os infratores, acredito que agora, somadas as circunstâncias, com a evidente cobrança expressa de diversas maneiras pela população, serão tomadas medidas efetivas de combate à corrupção, que leve à prisão de quem realmente é culpado, e exija a devolução do que foi indevidamente apropriado.
Só assim se mudará esta tradição que já se tornou componente cultural que caracteriza a sociedade brasileira.
É bom alertar que já tivemos outros momentos em que parecia evidente que a corrupção passaria a ser combatida eficazmente.
Tantas vezes a corrupção foi denunciada, e se fez apelo para a ação da Justiça para que os culpados fossem de fato condenados.
Numa das mensagens emitidas pela Assembleia da CNBB, ainda na década de 90, se apontava com clareza e precisão o fenômeno da corrupção, com o claro apelo à ação da Justiça.
Um destes textos dizia assim:
“Chegou a hora de um combate decidido contra a corrupção. Sua persistência mostra a necessidade de buscar as raízes históricas da perversa cultura de corrupção implantada no Brasil. Ela se nutre da impunidade, acobertada pela conivência, que se torna cumplicidade, incentivada por corporativismos históricos, habituados a usar em benefício de interesses particulares as estruturas do poder público, seja do Executivo, como do Judiciário e do Legislativo, como de todas as instâncias públicas. É antiético acobertar, por partidarismo político ou lealdade de confraria, o erro de alguém que prejudica o bem comum. Conclamamos todas as instituições de nossa sociedade a reverem suas práticas, para que se desencadeie um grande esforço nacional, a fim de erradicar a praga da corrupção que corrói o exercício da democracia”.
Será que agora chegou mesmo a hora?
Vamos apostar. De um lado, o povo está a fim de acompanhar e de cobrar. Doutro lado, o Executivo, na pessoa da Presidente Dilma, assumiu o claro compromisso de levar em frente os processos em andamento.
Em todo o caso, o povo tem direito a acreditar num relacionamento de confiança e de colaboração mútua, sempre respeitando a autonomia de cada um dos Três Poderes, com o apoio indispensável do povo. Desta vez tem que dar certo!