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          Ali, depois da Ponte Garibaldi, as águas do Rio Tibre correndo bem esverdeadas, as gaivotas, em grande número, desenham seus mergulhos, molhando o peito, jogando o bico na água, depois balançando as asas no ar, como se fossem secá-las, para, enfim, tentar nadar contra a correnteza. Logo adiante, num sítio cimentado, as gaivotas passeavam, para lá e para lá, indiferentes aos veículos de um lado de outro, ao verde dos imensos platons fincados nas calçadas, aos turistas que, misturados ao povo romano, vivem a expectativa de estar em Roma.

            Bonitas gaivotas de bico branco, que, depois, almoçando no restaurante  Pancrásio, vi, numa torneira permanente, dessas de água potável, própria até para o consumo humano, a beber o liquido que caia, não colocando o bico na água que se formava, mas na que descia; ou, as vi nos seus altos vôos, pairando sobre os velhos casarões medievais, no meio de tanta via estreita, como um ponto fixo da paisagem romana.

            Depois, foi no Castelo de São Ângelo, a melhor cena. Esclareço,  o melhor contato com a gaivota. Ela, no ponto mais  alto, em cima de uma bola de cimento que enfeitava o muro do castelo, lado voltado para o Igreja de São Pedro, bem acomodada, a despertar a atenção de diversos turistas, que, de máquina em punho, se deliciavam, em fotografias e filmagens, de seu pouso. O brasileiro, que nos acompanhava, falou da gaivota que ficou na chaminé do Vaticano, encarregada de anunciar a escolha do novo papa, o dia inteiro, até que, no momento em que a fumaça branca apareceu no ar, teve de alçar vôo para outras paragens, como se fosse uma mensageira de São Francisco de Assis.

            A gaivota, no Castelo de São Ângelo, pode ter sido aquela do dia do anúncio do atual pontífice, pela segurança e paciência com que permaneceu algum tempo, sem se incomodar com a presença dos turistas que, dali, enxergavam a cidade de Roma estendida aos seus olhos. De minha parte, tive a salutar idéia de fotografá-la, também, em diversas poses, ora se coçando, ora segurando meu olhar, fixando-a na minha máquina como uma parte viva de Roma, que, agora, de volta ao Brasil, ilustra meu álbum de viagens.

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Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras

 Obs: Publicado no Diario de Pernambuco

 

 

 

 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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