Final de semestre na faculdade e boa parte da turma estava reunida na orla da cidade de Óbidos para comemorar mais uma etapa vencida e o retorno para casa. Era uma turma composta por pessoas de Itaituba, Óbidos, Juruti, Salinópolis, Santa Isabel do Pará, Oriximiná, Alenquer, Curuá e Santarém. Por essa razão dá para imaginar o tamanho de nossa alegria após dois meses de intenso estudo longe de casa.
          Entre copos, gargalhadas e muito barulho, a conversa caminhou para as pessoas que vivem como nômades e são conhecedoras da antiga arte de adivinhar, ler as mãos e fazer pequenas “mágicas”. Uns diziam que acreditavam, outros afirmavam que isso é pura arte de enrolar e ganhar dinheiro fácil.
          Não chegávamos a um consenso quando um Sr. De Alenquer, aparentemente muito sério e com ares de quem entedia do assunto, iniciou a seguinte estória.
          “- Talvez muitos de vocês duvidem, mas eu acredito porque vi!
          A mulher com vestido longo e colorido se aproximou de um colega que estava no bar e pediu para ler a sua mão. O homem se recusou alegando não acreditar em tais coisas e por não ter como pagá-la. Ela então o advertiu que não havia pedido nenhum pagamento, só queria ler a sua mão.
          Meio contrariado e envergonhado ele estendeu as mãos e ela pediu que ele colocasse uma moeda de R$0,50 na sua mão direita.
          Ele então disse que não pagaria pelo serviço.
          Ela continuou e disse que devolveria a moeda, mas precisava do dinheiro para provar a ele que ela também sabia a arte da mágica.
          Ele retirou uma moeda do bolso e colocou na mão direita. Ela pediu que ele fechasse a mão enquanto ela fazia seu ritual de magia e em pouco mais de trinta segundos ela pediu que ele abrisse a mão e pegasse a moeda.
          Ao abrir a mão, nada! A moeda havia sumido ali na nossa frente. Nisso, a Sra. Saiu caminhando tranquilamente sem falar mais nada.
          Todos ficamos admirados, pois não havia como aquela mulher ter pego a moeda.
          O homem ainda sem entender quase nada, solicitou ao balconista um sanduíche que, para surpresa de todos nós, quando ele mordeu, adivinhem o que tinha dentro?”
          Nesse instante, o Sr. interrompeu sua estória e então foi possível perceber um silêncio total, pois todos nós estávamos acompanhando atentamente o desfecho da estória.
          Cortando o silêncio, uma colega de Itaituba gritou respondendo ao suspense deixado pela pergunta:
          – A moeda de R$0,50.
          O homem deu um sorriso maroto e continuou:
          – Não! No sanduíche havia queijo, tomate, alface…Onde já se viu sanduíche com moeda!
(*) Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Graduado Pleno em Pedagogia pela UFPA
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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