31 de dezembro de 2011
“Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: … nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2,10-11)
A todos os diocesanos, Feliz Natal!
Também neste ano Deus nos garante motivos verdadeiros para celebrar com alegria o mistério do Natal do Senhor.
Olhando o mundo, tivemos muitos acontecimentos em 2011, que revelam o agravamento de uma crise que não se limita à dimensão econômica, mas é muito mais profunda.
São “sinais dos tempos” , que nos alertam para a urgência da mudança de rumos, que a humanidade é chamada a empreender.
Independente da consistência desses fatos e de suas repercussões imediatas, eles apontam para a necessidade de buscarmos os caminhos de Deus, e colocar-nos em sintonia com sua vontade, para que o mundo reencontre os rumos de sua sobrevivência, na harmonia com a natureza, e na justiça e fraternidade entre todos os seres humanos.
Neste ano a humanidade chegou a sete bilhões. Como nos tempos de Belém, pareceria não haver lugar para mais ninguém!
Mas ao contrário, é bem vindo Aquele que vem nos apontar os caminhos da partilha, da solidariedade, da responsabilidade e do amor fraterno.
Em meio a tantos acontecimentos, nossa Diocese teve a alegria de perceber a importância especial do Concílio Vaticano Segundo, que recordamos na nossa romaria, e que retomaremos com toda a Igreja no próximo ano.
Como os pastores, vamos ao encontro do Salvador que Deus nos envia, para acolher sua presença e viver de acordo com seu Evangelho.
Com os renovados votos de um Feliz Natal e abençoado Ano Novo!
* Bispo Diocesano de Jales
NO RITMO DE MARIA
A liturgia sempre garante para o quarto domingo do Advento, o evangelho da anunciação a Maria. É tão belo e comovente, que nunca nos cansamos de meditar sobre ele.
O centro do diálogo do anjo Gabriel com Maria, era o nascituro, que seria chamado Filho do Altíssimo, porque concebido por obra do Espírito Santo no seio de Maria.
Mas o fio condutor da narrativa é a figura de Maria, destinatária da mensagem divina, feita protagonista dos planos de Deus.
Lido este Evangelho sob o prisma de Maria, identificamos sua postura, que serve de inspiração e modelo a todos os cristãos.
Diante da inesperada saudação do anjo, diz o Evangelho que Maria se colocou a pensar sobre o significado da saudação.
Diante de Deus, nossa primeira reação também deve ser esta: pensar. Ao longo do Evangelho se reitera que esta era a postura normal de Maria. “Ela guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração”
Quando o anjo abriu o jogo, e anunciou que ela seria a Mãe do Salvador, ela então passou a perguntar. “Maria perguntou ao anjo como se fará isto?”
Primeiro pensou, depois perguntou.
A fé não dispensa a razão. Ao contrário, quanto mais usarmos a razão humana, para perguntar, visando compreender, tanto melhor acolhemos o mistério de Deus, que quis se revelar à humanidade.
Só depois de pensar e de perguntar, é que Maria decidiu e falou, como serva, pronta e disponível para empenhar sua vida a serviço dos planos de Deus.
O tempo de advento deveria propiciar a todos a mesma experiência de Maria: pensar nos projetos de Deus, perguntar pelo seu verdadeiro sentido e alcance, para então decidir e falar.
Maria nos dá o exemplo perfeito de como acolher o mistério que Deus nos revelou através do seu Filho Jesus Cristo.
UM ESPAÇO PARA CRISTO
Chegamos ao Natal deste ano de 2011. Para que ele encontre ressonância em nossa vida, é preciso garantir um espaço para acolher o mistério de Cristo em nossas mentes e corações.
Seria pouco demais limitar-nos à dimensão bucólica da noite de natal, sem desmerecer seu encantamento. Pois de fato, o nascimento de Jesus em Belém da Judéia, .carrega o mistério tão grande da encarnação de Deus em nossa humanidade, com todas as conseqüências que derivam deste mistério tão denso, cuja apresentação se reveste de tanta beleza humana. .
Quando o rei Davi pensou em construir uma casa para a arca da aliança, que ainda estava guardada numa simples tenda, o profeta Natã se apressou em adverti-lo dos equívocos que poderiam advir da construção de um tempo para abrigar a arca de Deus. Pois o que Deus queria, de verdade, era habitar, nem em tenda nem em palácio, mas no coração de cada pessoa humana.
Estas advertências fizeram depois parte dos embates maiores que Cristo precisou enfrentar com os oficiais da religião, justamente a respeito do templo.
Depois São Paulo iria de vez expressar os verdadeiros planos de Deus, dizendo: “Não sabeis que sois templos de Deus, e que o Espírito do Deus habita em vossos corações?”
Pois bem, no natal o que Deus procura nem é tanto ser acolhido nos presépios que preparamos para o Menino Jesus. Mas na vida de cada um de nós. Lá existe lugar para Cristo, que não compete com ninguém, mas cuja presença impregna de sentido verdadeiro a vida de toda pessoa humana que vem a este mundo!
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
busca
autores
biblioteca