Djanira Silva 21 de novembro de 2011
          Sentia-se livre, queria partir. Sempre que abria a porta seus braços se estendiam feito asas na direção do sol. Não conseguia andar, não tinha pernas. Amparava-se nas muletas que lhe serviam de asas. À noite, nos sonhos, sentia-se completo. No corpo e na alma as idéias se remexiam feito vermes sob a terra. Os sonhos se tornavam companheiros perigosos, imprevisíveis e enganadores. Iludido pensava que um dia, quando abrisse a porta, poderia voar.
          De manhã, sentiu o cheiro bom da terra molhada. A chuva caia fina e fria. Viu-se dançando no gramado, colhendo as primeiras flores da manhã. Molhou o rosto com as gotas de carvalho que se equilibram nas pétalas da roseira amarela.
          Enganado pelo pensamento forte e possessivo pensou que era livre. Imaginou-se no topo da montanha. Adormeceu. Nunca mais acordou.
Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]