Marcelo Barros 7 de novembro de 2011

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          Deu nos jornais: na semana passada, exatamente na 2ª feira, 31 de outubro, nasceu a criança que nos fez completar sete bilhões de seres humanos no planeta terra. Não adianta especular quem foi essa criança e onde nasceu. Simbolicamente, foi escolhida uma menina que nasceu a zero hora do dia 31 nas Filipinas, mas é um dado simbólico e aproximativo. Entretanto, a ONU garante: somos sete bilhões. Basta dizer isso e surgem perguntas: a terra cabe tanta gente? Há alimento para tantas bocas? Como fica a ecologia?
          Evidentemente há problemas e a humanidade terá de tomar decisões importantes. Sem dúvida, o maior problema é que a população mundial cresce, principalmente, em países empobrecidos e onde a situação de alimentação, saúde e condições de vida são precárias. Enquanto no Japão e na França a média de vida ultrapassa os 80 anos, na Uganda, Nigéria e em outros países da África não chega a 48. Neste mundo, mais de um bilhão de pessoas passa fome ou não tem segurança alimentar. Quase um bilhão não tem acesso à água potável suficiente. Dois cidadãos norte-americanos ricos acumulam uma riqueza maior do que quase todos os países da África possuem para produzir, alimentar e cuidar de suas populações. A Terra sofre com o tipo de organização humana que lhe pede de mais a mais recursos para sobreviver e preencher suas aspirações ao consumo. Por quanto tempo, a terra poderá sobreviver como sistema de vida ao modelo de progresso tecnológico do mundo atual?
         Os estudiosos garantem que, sem recorrer a sementes transgênicas e à produção desumana de carne com hormônios, a terra pode alimentar e dar de beber a onze bilhões de pessoas. Já em seu tempo, o Mahatma Gandhi dizia: “A terra tem riquezas naturais suficientes para alimentar a humanidade e todos os seres vivos, mas não basta uma terra inteira para saciar a ganância dos que só visam o lucro pessoal e a ambição”. Em termos de espaço, um cálculo de cientistas revela que se colocássemos os sete bilhões de humanos um junto do outro, todos caberiam na ilha de São Luiz no Maranhão ou na área urbana da cidade de Los Angeles (Cf. Folha de São Paulo, 30/10/2011).
          Temos a consciência de que pertencemos a uma única família humana. Asiáticos, africanos, latino-americanos, europeus ou norte-americanos, temos o mesmo tipo de organismo, as mesmas fragilidades e uma necessidade comum a todos: a de amar e sermos amados.
          Muitos propõem um programa rígido de limitação de nascimentos. Entretanto, isso não é suficiente e profundo. O mais urgente é refazer as regras da convivência social, reformar a ONU para lhe dar poder de defender a justiça internacional e garantir o direito e a dignidade dos países pobres, assim como conceber um modelo de desenvolvimento baseado na justiça eco-social e no respeito à natureza. Formamos com todos os seres vivos uma só comunidade terrena. Quem pertence a alguma tradição espiritual e todas as pessoas comprometidas com a paz e a justiça se sentem chamados/as a colaborar para a construção desse mundo renovado, no qual o direito, a justiça e a paz possam brotar como flores de um jardim bem cultivado.
(*) Monge beneditino, teólogo e escritor.
 

 

 
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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