D. Edvaldo G. Amaral 7 de novembro de 2011
          “Peregrinos da Verdade, peregrinos da Paz” – foi o mote que reuniu em Assis, a cidade de São Francisco, representantes das religiões de todo mundo para rezarem pela paz. “Passaram-se vinte e cinco anos desde quando o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis” – disse Bento XVI em seu discurso na histórica reunião acontecida na quinta-feira, 27 de outubro, outra vez em Assis, a chamada “cidade da paz mundial”. Lembrou o sumo pontífice que, então, o mundo tinha dois blocos contrapostos entre si e o símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim, que traçava a fronteira entre os dois mundos. Três anos depois daquele encontro de Assis, o muro caiu sem derramamento de sangue. Os enormes arsenais da violência, que se acumulavam dos dois lados, deixaram de ter significado, porque a vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte do que eles.
          “Mas, o que aconteceu depois?” – pergunta o Papa.”Não podemos dizer que desde então a situação mundial se caracterize por liberdade e paz. E não é somente o fato de haver em vários lugares guerras, que se reacendem repetidamente: a violência como tal está sempre presente e caracteriza a condição de nosso mundo” E Bento XVI identificou duas tipologias diferentes das novas formas da violência. “Primeiramente, diz ele, temos o terrorismo, frequentemente com motivação religiosa. E precisamente o caráter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade. Na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Mas, sem sombra de dúvida, era uso abusivo da fé cristã em contraste evidente de sua natureza, porque na verdadeira fé cristã irmãos e irmãs entre si constituem uma única família. Há uma segunda tipologia da violência, acrescentou o pontífice, de aspecto multiforme, que possui uma motivação exatamente oposta: é a ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que daí resulta. O “não” a Deus produziu crueldade e violência sem medida. O homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, tomando por norma exclusiva somente a si mesmo.”

 

          Ao lado dessas duas realidades opostas, o Santo Padre afirmou, existem muitos que estão à procura da verdade, estão à procura de Deus; sua imagem às vezes fica escondida nas religiões, por causa do modo como são praticadas. Por isso mesmo, acrescentou Bento XVI, convidei representantes desse terceiro grupo que não reúne somente representantes de instituições religiosas. Trata-se de nos sentirmos juntos neste caminhar para a verdade, da causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito. Concluindo, queria assegurar-vos que a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo. Vivemos animados pelo desejo comum de ser sempre ˂˂peregrinos da verdade, peregrinos da paz˃˃.

 

          Depois do dia de oração, houve o encontro conclusivo com a renovação solene do compromisso comum pela paz, manifestado pelos doze delegados, que usaram da palavra e reafirmado pelas palavras finais do Papa: “Chega de violência! Chega de guerras! Chega de terrorismo! Que em nome de Deus, cada religião traga à terra Justiça e Paz, Perdão e Vida, Amor!”
(Dados da Agência Fides)
(*) È o arcebispo emérito de Maceió
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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