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RENASCENÇA*
Casinhas pintadas
Na paisagem silvestre
De um vilarejo esquecido
Me fazem lembrar
Que um dia amei
E não lembro mais
O gosto da língua estrangeira
O toque dos dedos alheios
Quero sim amar de novo
Amar
Com sabor
De outra vida nascida
Quero o todo
A começar pelos ventos nos moinhos
Surgindo nos meus pensamentos
.
Renascença – D´Agostinho – Com Karynna Spinelli & Carlos Ferrera
ARCO-ÍRIS**
A dor alivia
Por um segundo
Entro
Na lua nova
No mar aberto
De Maracaípe
.
Uma chuva fina cai e mistura
O sal
A água
A luz que vem de dentro
E uma amiga-irmã me chama
– Vem, vem
Para além do arco-íris
Arco-Íris – D´Agostinho – Com Karynna Spinelli & Carlos Ferrera
A ONDA CINZA***

Deixo passar meu olhar através da janela do quarto. Vejo o mar de um azul tão azul quanto o céu que o cobre. A linha do horizonte é quase imperceptível, faço esforço para distinguir um navio cargueiro, corta o imenso oceano em direção ao que ignoro. Leva alguma coisa para alguém do outro lado do Oceano Atlântico.

Retornei faz duas semanas ao Brasil, meu país natal, o lugar onde construí toda minha vida. Permaneci na França, Paris, durante quatro meses, quase cinco, mas parece um outro tempo. Penso que era outro tempo quando ainda estava lá, do outro lado do Oceano Atlântico, do outro lado do meu país.

Porque não me sinto nem aqui nem lá; me sinto a caminho, não posei meus pés em lugar algum. Estou em viagem.

As ondas tombam na praia, uma após a outra, elas tombam. Vejo a brancura que brilha sob o sol do verão brasileiro, o verão do nordeste do Brasil. Jamais vi, em qualquer outro lugar do mundo, esta brancura. Fui ao Caribe e ela não estava lá. E mesmo em Paris, A Cidade Luz, não existe a mesma claridade.

O coração está dividido, entre a solidão no meio de meus amigos, filhos que me tocam e não me sinto totalmente plena; um toque de anjo que vem, se levanta ao mais alto de sua força e cai novamente com todo poder sobre a areia da praia.

A onda morre, se recolhe no mar infinito, busca uma força absoluta para continuar uma existência acabada, uma ressurreição.

E eu, eu que não sei onde habito agora, no país da névoa cinza, no país do sol que corta com a luminosidade, eu que desejo o momento de ser acolhida pelo absoluto e permanecer eterna, suspensa, efêmera.

Uma simples onda cinza.

****

____________________________

* Texto extraído de D´Agostinho, 2010, Editora Calibán.

** Texto extraído de D´Agostinho, 2010, Editora Calibán.

*** Texto extraído de Grãos, 2007, Editora Calibán.

**** O mar aberto de Maracaípe – PE – Brasil.

Due poesie e una cronaca di Patricia Tenorio – Traduzione di Alfredo Tagliavia*

.

RINASCITA**
Casette dipinte
Nel paesaggio silvestre
Di un borgo dimenticato
Mi fanno ricordare
Che un giorno ho amato
E non ricordo più
Il gusto della lingua straniera
Il tocco delle mani altrui
Voglio amare di nuovo
Amare
Con il sapore
Di un’altra vita nata
Voglio il tutto
A cominciare dal vento nei mulini
Che sorge nei miei pensieri
.
ARCOBALENO***
Il dolore si attenua
Per un secondo
Entro
Nella luna nuova
Nel mare aperto
Di Maracaípe
 .
Una pioggia fine cade e mischia
Il sale
L’acqua
La luce che viene da dentro
E una amica-sorella mi chiama
– Vieni, vieni
Oltre l’arcobaleno
.
L’ONDA GRIGIA****
.

Lascio passare il mio sguardo attraverso la finestra della camera. Vedo il mare di un blu tanto blu quanto il cielo che lo copre. La linea dell’orizzonte è quasi impercettibile, mi sforzo per distinguere una nave da carico, taglia l’immenso oceano in direzione di quel che ignoro. Porta qualcosa per qualcuno dall’altro lato dell’Atlantico.

Sono tornata da due settimane in Brasile, il mio paese natale, il luogo dove ho costruito tutta la mia vita. Ho abitato in Francia, a Parigi, per quattro mesi, quasi cinque, ma sembra un altro tempo. Penso che era un altro il tempo in cui stavo là, dall’altro lato dell’Atlantico, dall’altro lato del mio paese.

Perché non mi sento né qui né là : mi sento in cammino, non mi sono posata in alcun luogo. Sono in viaggio.

Le onde irrompono sulla spiaggia, una dopo l’altra, irrompono. Vedo la bianchezza che brilla sotto il sole dell’estate brasiliana, l’estate del Nordeste del Brasile. Non ho mai visto, in nessun luogo del mondo, questa bianchezza. Sono stata ai Caraibi e non c’era. E anche a Parigi, la Città Luce, non esiste lo stesso chiarore.

Il cuore è diviso, tra il senso di solitudine in mezzo ai miei amici, i figli che mi toccano, e non mi sento totalmente piena; un tocco d’angelo che viene, si leva al culmine della sua forza e cade di nuovo, poderosamente, sulla sabbia della spiaggia.

L’onda muore, si raccoglie nel mare infinito, cerca una forza assoluta per proseguire un’esistenza finita. Una resurrezione.

Ed io, io che non so dove abito ora, nel paese della pioggia fine, nel paese del sole che taglia per la sua luminosità, io che desidero il momento di essere accolta dall’assoluto e rimanere eterna, sospesa, effimera.

Una semplice onda grigia.

*****

______________________________

* Alfredo Tagliavia è nato a Roma nel 1978.

Dottore di ricerca in Pedagogia presso l’Università degli Studi Roma Tre con una tesi sull’educatore e filosofo brasiliano Paulo Freire, ha trascorso diversi periodi a Recife (Brasile), dove ha collaborato con il Movimento per l’Interscambio Italia-Brasile dell’Università Federale del Pernambuco (UFPE), il Centro Studi Paulo Freire e l’Istituto Dante Alighieri, partecipando anche alle iniziative culturali del Consolato d’Italia. Ha recentemente pubblicato il libro L’eredità di Paulo Freire (EMI, Bologna 2011), oltre a diversi articoli e recensioni a tema pedagogico su riviste specialistiche e traduzioni dal portoghese di pubblicazioni nell’area delle Scienze sociali. Contato: [email protected]

Alfredo Tagliavia nasceu em Roma em 1978.

Doutor de pesquisa em Pedagogia pela Universidade de Estudos Roma Tre com tese sobre o educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, passou vários períodos em Recife (Brasil), onde colaborou com o Movimento pelo Intercâmbio Itália-Brasil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro de Estudos Paulo Freire e o Instituto Dante Alighieri, participando também das iniciativas culturais do Consulado da Itália. Recentemente publicou o livro L’eredità di Paulo Freire (O legado de Paulo Freire) (EMI, Bologna 2011), bem como diversos artigos e comentários de tema pedagógico em revistas especializadas e traduções do Português de publicações na área de Ciências Sociais. Contato: [email protected]

** Testo estratto da D´Agostinho, Patricia Tenório, 2010, Casa Editrice Calibán. Texto extraído de D´Agostinho, Patricia Tenório, 2010, Editora Calibán.

*** Testo estratto da D´Agostinho, Patricia Tenório, 2010, Casa Editrice Calibán. Texto extraído de D´Agostinho, Patricia Tenório, 2010, Editora Calibán.

**** Testo estratto da Grãos, Patricia Tenório, 2007, Casa Editrice Calibán. Texto extraído de Grãos, Patricia Tenório, 2007, Editora Calibán.

***** Il mare aperto di Maracaípe – PE – Brasile. O mar aberto de Maracaípe – PE – Brasil.




Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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