resomar 1 de outubro de 2011

 

Por que querer entender uma tarde sem a espera do anoitecer,
um encontro que foge deixando a paisagem adormecida tocar a indiferença de olhares sonolentos?
O tempo inventou razões, soprou na turbulência rumos e atalhos, face rasgada, terra seca, boca faminta, sentimento desbotado no espanto de ser…
Posturas desgastadas rasgam o silêncio nublado de amargas feridas…
O som desaba em lágrimas em uma travessia proibida…

Como prosseguir para achar a verdade impregnada na realidade contraditória?

Atrás de uma fome prolongada a incerteza do amanhã transborda em panelas vazias…
Grita a vida na vigília do silêncio e a dor se debruça no murmúrio da alma…
Inquieto pensamento disfarçado sinaliza a urgência do confronto…

No corredor da ilusão a história se repete em luta suada e o sorriso arde no espelho molhado, buscando o brilho da escuta atenta…
A palavra empoeirada cava um momento de dignidade…

Procuro em tuas mãos um palco desnudado…
Percorro o amor em ventania peregrina para não sangrar em teu olhar desprotegido, ondas aprisionadas…
Em um instante de serenidade questiono teus delírios de poder, tua máscara contaminada, tuas pulsações embriagadas, teu sorriso inquieto entre braços acorrentados…

Bastaria o tempo explodir em teu corpo na demora do regresso…
Mergulharias na agonia da solidão em um minuto de coragem na constatação de um horizonte sem visíveis esperanças…
No inesperado da madrugada, ecoa na escuridão sonhos enlouquecidos, sombras envelhecidas…

Não quero mais o encanto provisório de coloridos enganos…
Não quero mais apagar a realidade amordaçada na nostalgia cotidiana imersa em vazias melodias…
Quero atropelar o pranto armada na ousadia de um eco transparente…

27.07.2006 – 23:00h

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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