O ser humano é uma unidade orgânica e estrutural que goza de uma integridade corpórea, psicológica, social e espiritual. É um ser pluridimensional e inter-relacional porque tem distintas dimensões e, além disso, estabelece vínculos diferentes com seu entorno e seus semelhantes. No entanto, essa unidade estrutural e relacional não é absoluta e inalterável, pois é constantemente ameaçada por elementos próprios e alheios. A enfermidade, a dor, a exclusão, a marginalização, o abandono são algumas dessas ameaças. Além do mais, o sofrimento, o envelhecimento e a morte constituem-se questões-chave que clamam por significação e sentido.
O filósofo Emmanuel Lévinas define essa condição de vulnerabilidade como sendo “a exposição ao ultraje e ao ferimento”. Estamos expostos ao ultraje, ou seja, ao insulto, à agressão, à humilhação; além disso, podemos ser feridos com muita facilidade, não apenas fisicamente, mas também afetiva e espiritualmente. Estamos expostos, e isso significa que devemos nos proteger, que devemos construir um abrigo, uma proteção perante o entorno hostil que tenta quebrar nossa unidade psicossomática.
O ser humano é, portanto, um ser radicalmente vulnerável. Vulnerabilidade significa fragilidade, precariedade, possibilidade de ser ferido. Estamos constantemente expostos a múltiplos perigos: o perigo de adoecer, de ser agredido, de fracassar, de morrer. Enfim, viver humanamente significa viver sabiamente na vulnerabilidade.
Instintivamente nos danos conta de nossa vulnerabilidade muito antes de começar a pensar filosoficamente a realidade. Protegemo-nos do frio, cuidamos de nossa alimentação, preocupamo-nos com nossa segurança pessoal em situações de violência, nos abrigamos na sombra quando o sol forte queima.
Se somos vulneráveis, precisamos estar conscientes de nossa situação, ou seja, podemos pensar, refletir acerca dela, buscar soluções e saídas para combater a doença, o cansaço ou a insegurança, por exemplo.
*Camiliano, pós graduado em Clinical Pastoral Education pelo S. Lukes’s Medical Center (Milwaukee, EUA). Professor doutor no programa de mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo (SP) e autor de inúmeras obras na área da bioética, dentre as quais Bioética: um grito por dignidade de viver e co-organizador de Buscar sentido e plenitude de vida: bioética, saúde e espiritualidade.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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