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Jorge tinha um sorriso encantador. Daqueles que você se derretia só de olhar. Sempre gostei de homens sorridentes e ele me conquistou justamente com um sorriso. Aquele travesso, um tanto tímido, um tanto malicioso. Era seu charme. No conjunto completo tornava-o mais atraente. E eu não era a única que percebia isso. Jorge tinha uma coleção de mulheres. Com um sorriso daqueles não era difícil escolher uma preterida. No fundo ele tinha álibi para isso. Bastava estampar nos seus lábios aquele sorriso, que pronto! Era tiro e queda.
Ele me deu trabalho. Foi difícil afugentar tanta fêmea e no fundo achei que ia sucumbir, mas eu amava Jorge e seu sorriso mais ainda. Mesmo que quisesse parti-lo em dois quando ele sorria eu desfazia a minha raiva.
Ah Jorge!
Nunca imaginei que fosse me fascinar por um sorriso. E pior me prender a ele. Mesmo quando veio a decepção e quando descobri que ele não era o cara perfeito, eu não conseguia me frustrar. Eu lembrava do sorriso e ficava mais um pouco, baixava minhas defesas.
Jorge sabia que o sorriso era sua arma e não fazia questão de guardar. Expunha-o para todas. Aquilo me matava de ciúmes. Fora de si e insana quis rasgá-lo de todos os lados tentando me desprender daquela obsessão. Não consegui e me vi prisioneira daquele sorriso.
Mas nada como o destino para mudar um rumo. Jorge sofreu um acidente de carro e perdeu todos os dentes. E se desfez um sorriso.
Aline Waldow (br.olhares.com)