4 de outubro de 2011
“O Homem do Futuro” é o mais novo filme brasileiro e mistura comédia e ficção científica. Sem erro, o melhor nacional de 2011, até então. Wagner Moura interpreta Zero, um cientista e professor de física concentrado em um projeto científico que acaba por se tornar uma máquina do tempo. Assim, ele volta ao ano de 1991, época em que foi humilhado por Helena (Alinne Moraes), o amor de sua vida. Ao voltar 20 anos, ele tem a chance de mudar o que aconteceu e fazer diferente. Mais tarde, se dá conta de que mudar o passado pode não ser tão simples assim.
Cláudio Torres, depois do péssimo “A Mulher Invisível”, mostra que seu último projeto foi um erro de percurso. Dirigindo e assinando o roteiro deste longa-metragem, ele demonstra muita perspicácia em caminhar numa história de várias dimensões, além de domínio da técnica e linguagem cinematográfica (notem no início do primeiro ato o uso de sons de sinos e batidas de relógio no extracampo, por exemplo). Diferente da maioria das produções brasileiras, “O Homem do Futuro” segue uma linha mais reflexiva, apesar das pinceladas cômicas, nunca partindo para o humor burro e preguiçoso, tão comum no nosso cinema.
O roteiro ainda toma o cuidado de nos situar na sua lógica interna. Torres é ciente de que produções como “De volta para o futuro”, de Robert Zemeckis (que inclusive, é sutilmente homenageada), podem confundir o espectador. A dinâmica e a vontade de ousar dentro dessas “possibilidades temporais” que faz o filme de Claudio Torres ter um ritmo acertado e seguro o bastante para revisitar situações e sub-tramas sem se tornar repetitivo em momento algum.
No que diz respeito à produção, ela se mostra sempre competente, desde os figurinos até os efeitos especiais utilizados. A direção de arte fez um trabalho fantástico para nos situar nas diferentes dimensões em que o roteiro se desenrola. E a trama é envolvente na maior parte do tempo. Em concordância com o tema, a trilha sonora diegética foi bem representada com “Tempo Perdido”, da Legião Urbana. E ainda, Wagner Moura conduz o filme de forma irretocável, e não só pelo fato de protagonizar. Sua atuação é precisa.
Cheio de segurança, “O Homem do Futuro” se diverte bagunçando todos os paradoxos temporais (bagunçando, mas nunca se enrolando!) e acaba surpreendendo na hora de criar esse conflito, que parece obvio até certo ponto (mas não é). O filme faz um verdadeiro ode ao passado. Graças a ele somos quem somos hoje e seremos no futuro. Negá-lo é anular quem você é. É um prazer ser conduzido por Torres nessa importante descoberta feita por Zero
Obs: Imagem enviada pelo autor.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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